s e feli
Acordo Ortográfico
O
objetivo deste guia é expor ao leitor, de maneira objetiva, as alterações
introduzidas na ortografia da língua portuguesa pelo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa, assinado em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990,por
Portugal, Brasil, Angola, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique e, posteriormente, por Timor Leste. No Brasil, o Acordo foi aprovado
pelo Decreto Legislativo n.º 54, de 18 de abril de 1995.
Esse
Acordo é meramente ortográfico; portanto, restringe-se à língua escrita, não
afetando nenhum aspecto da língua
falada. Ele não elimina todas as diferenças ortográficas observadas nos países
que têm a língua portuguesa como idioma oficial, mas é um passo em direção à
pretendida unificação ortográfica desses países.
Mudanças no alfabeto
O
alfabeto passa a ter 26 letras. Foram reintroduzidas as letras k, w e
y.
O
alfabeto completo passa a ser:
A B
C D E F G H I J K L M N O P Q R S T U V WX Y Z
As
letras k, w e y, que na verdade não tinham desaparecido da
maioria dos dicionários da nossa língua, são usadas em várias situações.
Por
exemplo:
a)
na escrita de símbolos de unidades de medida: km (quilômetro), kg
(quilograma),W (watt);
b)
na escrita de palavras estrangeiras (e seus derivados): show, playboy,
playground, windsurf, kung fu, yin, yang,William, kaiser, Kafka, kafkiano.
Trema
Não
se usa mais o trema (¨), sinal colocado sobre a letra u para indicar que
ela deve ser pronunciada nos grupos gue, gui, que, qui.
Como
era Como fica
agüentar
aguentar - argüir arguir - bilíngüe bilíngue - cinqüenta cinquenta
delinqüente
delinquente - eloqüente eloquente - ensangüentado ensanguentado - eqüestre
equestre - freqüente frequente - lingüeta
lingueta lingüiça linguiça - qüinqüênio quinquênio - sagüi sagui -seqüência
sequência
seqüestro
sequestro - tranqüilo tranquilo
Atenção:
o
trema permanece apenas nas palavras estrangeiras e em suas derivadas.
Exemplos:
Müller, mülleriano.
Mudanças nas regras de acentuação
1.
Não se usa mais o acento dos ditongos abertos éi e ói das
palavras paroxítonas (palavras que têm acento tônico na penúltima sílaba).
Como
era Como fica
alcalóide
alcaloide - alcatéia alcateia - andróide androide - apóia (verbo apoiar) apoia - apóio (verbo apoiar) apoio - asteróide
asteroide - bóia boia - celulóide celuloide - clarabóia claraboia - colméia
colmeia - Coréia Coreia - debilóide debiloide - epopéia epopeia - estóico
estoico - estréia estreia - estréio (verbo estrear) estreio - geléia geleia - heróico
heroico - idéia ideia - jibóia jiboia - jóia joia - odisséia odisseia - paranóia
paranoia - paranóico paranoico - platéia plateia tramóia tramoia
Atenção:
essa
regra é válida somente para palavras paroxítonas. Assim, continuam a ser
acentuadas as palavras oxítonas e os monossílabos tônicos terminados em éis e
ói(s).
Exemplos:
papéis,
herói, heróis, dói (verbo doer), sóis etc.
2.
Nas palavras paroxítonas, não se usa mais o acento no i e no u tônicos
quando vierem depois de um ditongo decrescente.
Como
era Como fica
baiúca
baiuca - bocaiúva bocaiuva* - cauíla cauila** - feiúra feiura –
*
bocaiuva = certo tipo de palmeira
**cauila
= avarento
Atenção:
1)
se a palavra for oxítona e o i ou o u estiverem em posição final (ou
seguidos de s), o acento permanece.
Exemplos:
tuiuiú, tuiuiús, Piauí;
2) se
o i ou o u forem precedidos de ditongo crescente, o acento
permanece. Exemplos: guaíba, Guaíra.
3. Não se usa mais o acento das palavras
terminadas em êem
e
ôo(s).
Como
era Como fica
abençôo
abençoo - crêem (verbo crer) creem - dêem (verbo dar) deem - dôo (verbo doar)
doo - enjôo enjoo - lêem (verbo ler) leem -magôo (verbo magoar) magoo -perdôo
(verbo perdoar) perdoo - povôo (verbo povoar) povoo - vêem (verbo ver) veem - vôos
voos - zôo zoo
4.
Não se usa mais o acento que diferenciava os pares pára/para, péla(s)/ pela(s),
pêlo(s)/pelo(s), pólo(s)/polo(s) e pêra/pera.
Como
era Como fica
Ele pára
o carro. Ele para o carro.
Ele
foi ao pólo Ele foi ao polo Norte. Norte.
Ele
gosta de jogar Ele gosta de jogar pólo. polo.
Esse
gato tem Esse gato tem pêlos brancos. pelos brancos.
Comi
uma pêra. Comi uma pera.
Atenção!
•
Permanece o acento diferencial em pôde/pode. Pôde é a forma do passado do verbo poder (pretérito perfeito do indicativo),
na 3.ª pessoa do singular.
Pode
é
a forma do presente do indicativo, na 3.ª pessoa do singular.
Exemplo:
Ontem,
ele não pôde sair mais cedo, mas hoje ele pode.
•
Permanece o acento diferencial em pôr/por. Pôr é verbo. Por é
preposição.
Exemplo:
Vou pôr o livro na estante que foi feita por mim.
•
Permanecem os acentos que diferenciam o singular do plural dos verbos
ter e vir,
assim como de seus derivados (manter, deter, reter, conter, convir, intervir,
advir etc.).
Exemplos:
Ele tem
dois carros. / Eles têm dois carros.
Ele vem
de Sorocaba. / Eles vêm de Sorocaba.
Ele mantém
a palavra. / Eles mantêm a palavra.
Ele convém
aos estudantes. / Eles convêm aos estudantes.
Ele detém
o poder. / Eles detêm o poder.
Ele intervém
em todas as aulas. / Eles intervêm em todas as aulas.
• É
facultativo o uso do acento circunflexo para diferenciar as palavras forma/ fôrma.
Em alguns casos, o uso do acento deixa a frase mais clara. Veja este exemplo:
Qual
é a forma da fôrma do bolo?
5.
Não se usa mais o acento agudo no u tônico das formas (tu) arguis, (ele)
argui, (eles) arguem, do presente do indicativo do verbo arguir.
O mesmo vale para o seu composto redarguir.
6.
Há uma variação na pronúncia dos verbos terminados em guar, quar
e quir, como aguar, averiguar, apaziguar, desaguar, enxaguar,
obliquar, delinquir etc. Esses verbos admitem duas pronúncias em algumas formas
do presente do indicativo, do presente do subjuntivo e também do imperativo.
Veja:
a)
se forem pronunciadas com a ou i tônicos, essas formas devem ser
acentuadas.
Exemplos:
•
verbo enxaguar: enxáguo, enxáguas, enxágua, enxáguam; enxágue, enxágues,
enxáguem.
•
verbo delinquir: delínquo, delínques, delínque, delínquem; delínqua, delínquas,
delínquam.
b)
se forem pronunciadas com u tônico, essas formas deixam de ser
acentuadas.
Exemplos
(a vogal sublinhada é tônica, isto é, deve ser pronunciada mais fortemente que
as outras):
•
verbo enxaguar: enxaguo, enxaguas, enxagua, enxaguam; enxague, enxagues,
enxaguem.
•
verbo delinquir: delinquo, delinques, delinque, delinquem; delinqua, delinquas,
delinquam.
Atenção:
no
Brasil, a pronúncia mais corrente é a primeira, aquela com a e i tônicos.
Uso do hífen com compostos
1.
Usa-se o hífen nas palavras compostas que não apresentam elementos de ligação.
Exemplos:
guarda-chuva,
arco-íris, boa-fé, segunda-feira, mesa-redonda, vaga-lume, joão-ninguém, porta-malas,
porta-bandeira, pão-duro, bate-boca
*
Exceções: Não se usa o hífen em certas palavras que perderam a noção de
composição, como girassol, madressilva, mandachuva, pontapé, paraquedas,
paraquedista, paraquedismo.
2.
Usa-se o hífen em compostos que têm palavras iguais ou quase iguais, sem
elementos de ligação.
Exemplos:
reco-reco,
blá-blá-blá, zum-zum, tico-tico, tique-taque, cri-cri, glu-glu, rom-rom,
pingue-pongue, zigue-zague, esconde-esconde, pega-pega, corre-corre
3.
Não se usa o hífen em compostos que apresentam elementos de ligação.
Exemplos:
pé
de moleque, pé de vento, pai de todos, dia a dia, fim de semana, cor de vinho,
ponto e vírgula, camisa de força, cara de pau, olho de sogra Incluem-se nesse
caso os compostos de base oracional.
Exemplos:
maria
vai com as outras, leva e traz, diz que diz que, deus me livre, deus nos acuda,
cor de burro quando foge, bicho de sete cabeças, faz de conta
*
Exceções: água-de-colônia, arco--da-velha, cor-de-rosa, mais-que- perfeito, pé-de-meia, ao deus-dará, à
queima-roupa.
4.
Usa-se o hífen nos compostos entre cujos elementos há o emprego do apóstrofo.
Exemplos:
gota-d’água,
pé-d’água
5.
Usa-se o hífen nas palavras compostas derivadas de topônimos (nomes próprios de
lugares), com ou sem elementos de ligação.
Exemplos:
Belo
Horizonte — belo-horizontino
Porto
Alegre — porto-alegrense
Mato
Grosso do Sul — mato-grossense-do-sul
Rio
Grande do Norte — rio-grandense-do-norte
África
do Sul — sul-africano
6.
Usa-se o hífen nos compostos que designam espécies animais e botânicas(nomes de
plantas, flores, frutos, raízes, sementes), tenham ou não elementos de ligação.
Exemplos:
bem-te-vi,
peixe-espada, peixe-do-paraíso, mico-leão-dourado, andorinha-da-serra, lebre-da-patagônia,
erva-doce, ervilha-de-cheiro, pimenta-do-reino, peroba-do-campo, cravo-da-índia
Obs.:
não se usa o hífen, quando os compostos que designam espécies botânicas e
zoológicas são empregados fora de seu sentido original. Observe a diferença de
sentido entre os pares:
a) bico-de-papagaio
(espécie de planta ornamental) - bico de papagaio
(deformação
nas vértebras).
b) olho-de-boi
(espécie de peixe) - olho de boi (espécie de selo postal).
Uso
do hífen com prefixos
As
observações a seguir referem-se aouso do hífen em palavras formadas porprefixos
(anti, super, ultra, sub etc.) oupor elementos que podem funcionarcomo prefixos
(aero, agro, auto, eletro,geo, hidro, macro, micro, mini,multi, neo etc.).
Casos gerais
1.
Usa-se o hífen diante de palavra iniciada por h.
Exemplos:
anti-higiênico,
anti-histórico, macro-história, mini-hotel, proto-história, sobre-humano, super-homem
,ultra-humano
2.
Usa-se o hífen se o prefixo terminarcom a mesma letra com que se inicia a outra
palavra.
Exemplos:
micro-ondas,
anti-inflacionário, sub-bibliotecário,inter-regional
3.
Não se usa o hífen se o prefixo terminar com letra diferente daquela com que se
inicia a outra palavra.
Exemplos:
autoescola,
antiaéreo, intermunicipal, supersônico, superinteressante, agroindustrial, aeroespacial
,semicírculo
* Se
o prefixo terminar por vogal e a outra palavra começar por r ou s,
dobram-se essas letras.
Exemplos:
Minissaia,
antirracismo , ultrassom , semirreta
Casos particulares
1.
Com os prefixos sub e sob, usa-se o hífen também diante de
palavra iniciada por r.
Exemplos:
sub-região,
sub-reitor, sub-regional, sob-roda
2.
Com os prefixos circum e pan, usa-se o hífen diante de palavra
iniciada por m, n e vogal.
Exemplos:
circum-murado,
circum-navegação, pan-americano
3.
Usa-se o hífen com os prefixos ex, sem, além, aquém, recém, pós, pré, pró,
vice.
Exemplos:
além-mar,
além-túmulo, aquém-mar, ex-aluno, ex-diretor, ex-hospedeiro, ex-prefeito, ex-presidente,
pós-graduação, pré-história, pré-vestibular, pró-europeu
recém-casado,
recém-nascido, sem-terra, vice-rei
4. O
prefixo co junta-se com o segundo elemento, mesmo quando este se inicia
por o ou h. Neste último caso, corta-se o h. Se a palavra
seguinte começar com r ou s, dobram-se essas letras.
Exemplos:
Coobrigação,
coedição, coeducar, cofundador, coabitação, coerdeiro, corréu.
Corresponsável,
cosseno
5.
Com os prefixos pre e re, não se usa o hífen, mesmo diante de
palavras começadas por e.
Exemplos:
Preexistente,
preelaborar, reescrever, reedição
6.
Na formação de palavras com ab,ob e ad, usa-se o hífen
diante de palavra começada por b,
d ou r. Exemplos:
ad-digital, ad-renal, ob-rogar , ab-rogar
Outros casos do uso do hífen
1.
Não se usa o hífen na formação de palavras com não e quase.
Exemplos:
(acordo
de) não agressão (isto é um) quase delito
2.
Com mal*, usa-se o hífen quando a palavra seguinte começar por vogal, h
ou l.
Exemplos:
mal-entendido,
mal-estar, mal-humorado,mal-limpo
*
Quando mal significa doença, usa-se o hífen se não houver elemento de ligação.
Exemplo:
mal-francês. Se houver elemento de ligação, escreve-se sem o hífen.
Exemplos:
mal
de lázaro, mal de sete dias.
3.
Usa-se o hífen com sufixos de origem tupi-guarani que representam formas
adjetivas, como açu, guaçu, mirim.
Exemplos:
capim-açu
, amoré-guaçu, anajá-mirim
4.
Usa-se o hífen para ligar duas ou mais palavras que ocasionalmente se combinam,
formando não propriamente vocábulos, mas encadeamentos vocabulares.
Exemplos:
ponte
Rio-Niterói , eixo Rio-São Paulo
5.
Para clareza gráfica, se no final da linha a partição de uma palavra ou combinação
de palavras coincidir com o hífen, ele deve ser repetido na linha seguinte.
Exemplos:
Na
cidade, conta-se que ele foi viajar.
O
diretor foi receber os ex-alunos.
FONOLOGIA
- nota da ledora: um terço da página
está ocupado por um anúncio ecológico, português,
sobre a visitação de verão aos
parques, com os seguintes termos: Troque as bichas pelos
bichos. (no cartaz, o desenho de um
esquilo)
- fim da nota da ledora.
Neste capítulo, estudaremos
basicamente os fonemas, que são as menores unidades
lingüísticas capazes de estabelecer
diferenças de significado.
Com apenas uma troca de fonema,
cria-se uma palavra totalmente distinta, como no
anúncio acima: bichas torna-se bichos.
(Em tempo: em Portugal, bichas significa "filas";
o parque convida os habitantes da
cidade a trocar as irritações da vida urbana pelo
sossego da vida em meio à natureza.)
1. CONCEITOS BÁSICOS
Fonologia é uma palavra formada por
elementos gregos: fono ("som", "voz") e logia
("estudo",
"conhecimento"). Significa literalmente "estudo dos sons".
Os sons que essa
parte da Gramática estuda são os
fonemas (fono + -ema, "unidade
distintiva"). Para compreender
claramente o que é um fonema, compare as palavras
abaixo:
solitário solidário
Lendo em voz alta as duas palavras,
você percebeu que cada uma das letras destacadas
(t e d) representa um som diferente.
Como as palavras têm significados diferentes e a
única diferença sonora que apresentam
é a provocada por esses dois sons, somos
levados a concluir que o contraste
entre esses dois sons é que produz a diferença de
significado entre as duas palavras.
Cada letra representa, no caso, um fonema, ou seja,
uma unidade sonora capaz de
estabelecer diferenças de significado.
Em outras palavras, os fonemas são os
sons característicos de uma determinada língua.
Com um número relativamente pequeno
desses sons, cada língua é capaz de produzir
milhares de palavras e infinitas
frases.
Observe que falamos em sons
representados pelas letras. Isso porque não se devem
confundir fonemas e letras: os fonemas
são sons; as letras são sinais gráficos que
procuram representar esses sons. Essa
representação, no entanto, nem sempre é perfeita:
a) há casos em que a mesma letra
representa fonemas diferentes (como a letra g, em
galeria e ginástica);
b) há fonemas representados por letras
diferentes (como o fonema que as letras g e j
representam em ginástica e jiló);
c) há fonemas representados por mais
de uma letra (como em barra ou assar);
d) há casos em que uma letra
representa dois fonemas (como o x de anexo, que soa
"ks");
e) há casos em que a letra não
corresponde a nenhum fonema (o h de hélice, por
exemplo).
Para evitar dúvidas, acostume-se a ler
as palavras em voz alta quando estiver estudando
Fonologia. Afinal, o que interessa
nesse caso é o aspecto sonoro dessas palavras. Não
devem ser confundidas com os fonemas,
que são sons.
- nota da ledora: quadro em destaque,
na página:
Fonologia - parte da Gramática que
estuda os fonemas.
Fonemas - unidades sonoras capazes de
estabelecer diferenças de significado.
Letras - sinais gráficos criados para
a representação escrita das línguas.
2. OS FONEMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA
Como não há necessariamente correspondência
entre as letras e os fonemas, foi criado
um sistema de símbolos em que a cada
fonema corresponde apenas um símbolo. Esse
sistema é o alfabeto fonético, muito
usado no ensino de línguas para indicar a forma de
pronunciar as palavras.
- nota da ledora: fotografia do
Coliseum, em Roma, com legenda em italiano (com tipos
minúsculos., e pequena legenda do
postal em português)
- fim da nota da ledora.
Como vemos neste
dicionário de italiano, os símbolos fonéticos são usados para indicar
a pronúncia das
palavras. Em homenagem a este verbete, mostramos ao lado o Coliseu,
uma das principais
atrações turísticas de Roma, capital da Itália.
A língua portuguesa do Brasil
apresenta um conjunto de 33 fonemas, que podem ser
identificados no quadro abaixo. A cada
um deles corresponde um único símbolo escrito
do alfabeto fonético. Por convenção,
esses símbolos são colocados entre barras
oblíquas.
FONEMAS DA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL
E SUA TRANSCRIÇÃO
FONOLÓGICA,
consoantes:
Símbolo Exemplo Transcrição fonológica
/p/ paca /paka/
/b/ bula /bula/
/t/ tara /tara/
/d/ data /data/
/k/ cara, quero /kara/, /kero/
/g/ gola, guerra /gola/, /gera/
/f/ faca /faka/
/v/ vala /vala/
/s/ sola, assa, moça /sola/, /asa/,
/mosa/
/z/ asa, zero /aza/, /zero/
/s/ mecha, xá, /mesa/, /sa/
- nota da ledora: símbolo representado
por uma letra esse alongada,
/z/ jaca, gela /jaka/, /gela/
- nota da ledora: símbolo representado
por uma letra zê, de zebra, alongada, lembrando
um caractere grego.
/m/ mola /mola/
/n/ nata /nata/
/n/ ninho /nino/
- nota da ledora: letra ene, com a
perninha da esquerda mais alongada para baixo,
caractere estranho )
/l/ lata /lata/
/Ã/ calha /kaÃa/
- nota da ledora: este símbolo
apresenta-se bastante assemelhado a letra A maiúscula,
com til, ou com um símbolo de Pi,
grego, porém não é conhecido pela ledora.
/r/ Mara /mara/
/R/ rota, carroça /Rota/ , /kaRoja
semi- vogais:
cai, põe /kaj/, /pôj/
vogais
pau, pão /paw/, /pãw/
Símbolo Exemplo Transcrição fonológica
/a/ cá /ka/
/e/ mel /mel/
/e/ seda /seda/
/i/ rica /Rika/
/s/ sola /ssla/
/o/ soma /soma/
/u/ gula /gula/
/ã/ manta, maçã /manta/, /maçã/
/e - til / tenda /t -til - da/
/I - til / cinta /sínta/
/õ/ conta, põe /kõta", /pôj/
/u - til / fundo /fu~do/
- nota da ledora: a ledora acredita que
os fonemas não serão bem traduzidos pelo
sistema de sintetizador de voz, devido
à grafia que é utilizada para descreve-los, melhor
sistema seria o próprio leitor
pronunciar as palavras e observar os sons produzidos pelas
mesmas.
- fim da nota da ledora.
Observação: O uso dos símbolos para
transcrição fonológica permite-nos perceber com
clareza alguns problemas da relação
entre fonemas e letras. Note, por exemplo, como o
símbolo /k/ transcreve como um mesmo
fonema o som representado pela letra c em cara
e pelas letras qu em quero.
Os fonemas da língua portuguesa são
classificados em vogais, semivogais e consoantes.
Esses três tipos de fonemas são
produzidos por uma corrente de ar que pode fazer vibrar
ou não as cordas vocais. Quando ocorre
vibração, o fonema é chamado sonoro; quando
não, o fonema é surdo. Além disso, a
corrente de ar pode ser liberada apenas pela boca
ou parcialmente também pelo nariz. No
primeiro caso, o fonema é oral; no segundo, é
nasal.
VOGAIS
As vogais são fonemas sonoros produzidos
por uma corrente de ar que passa livremente
pela boca. Em nossa língua,
desempenham o papel de núcleo das sílabas. Em termos
práticos, isso significa que em toda
sílaba há necessariamente uma única vogal.
As diferentes vogais resultam do
diferente posicionamento dos músculos bucais (língua,
lábios e véu palatino). Sua
classificação é feita em função de diversos critérios:
a) quanto à zona de articulação, ou
seja, de acordo com a região da boca em que se dá a
maior elevação da língua; assim, podem
ser anteriores, centrais e posteriores;
b) pela elevação da região mais alta
da língua; podem ser altas, médias e baixas;
c) quanto ao timbre; podem ser abertas
ou fechadas.
Além desses critérios, as vogais podem
ser orais ou nasais. Todos os fonemas vocálicos
são sonoros.
O quadro abaixo apresenta a
classificação das vogais portuguesas de acordo com esses
critérios.
Classificação das vogais
Anteriores Centrais Posteriores
- nota da ledora: representação
esquemática de sons provocados pelos fonemas, já
descritos na página anterior.
- fim da nota da ledora.
SEMIVOGAIS
Há duas semivogais em português,
representadas pelos símbolos /j/ e /w/ e produzidas
de forma semelhante às vogais altas
/i/ e /u/. A diferença fundamental entre as vogais e
as semivogais está no fato de que
estas últimas não desempenham o papel de núcleo
silábico. Em outras palavras: as
semivogais necessariamente acompanham alguma
vogal, com a qual formam sílaba.
As letras utilizadas para representar
as semivogais em português são utilizadas também
para representar vogais, o que cria
muitas dúvidas. A única forma de diferenciá-las
efetivamente é falar e ouvir as
palavras em que surgem:
país-pais baú - mau
Em país e baú, as letras i e u
representam respectivamente as vogais /i/ e /u/. Já em pais
e mau, essas letras representam as sem
vogais /j/ e /w/. Isso pode ser facilmente
percebido se você observar como a
articulação desses sons é diferente em cada caso;
além disso, observe que país e baú têm
ambas duas sílabas, enquanto pais e mau têm
ambas uma única sílaba.
Em algumas palavras, encontramos as
letras “e” e “o” representando as semivogais:
mãe (/mãj/)
pão (/pãw/)
- nota da ledora: foto de uma camiseta
com a seguinte legenda, estampada na mesma:
São Paulo comeu a bola. São Paulo
campeão do mundo.
- fim da nota da ledora.
Na palavra São, vemos um caso em que a
semivogal /w/ é representada pela letra o.
CONSOANTES
Para a produção das consoantes, a
corrente de ar expirada pelos pulmões encontra
obstáculos ao passar pela cavidade
bucal. Isso faz com que as consoantes sejam
verdadeiros "ruídos",
incapazes de atuar como núcleos silábicos. Seu nome provém
justamente desse fato, pois, em
português, sempre soam com as vogais, que são os
núcleos das sílabas.
A classificação das consoantes
baseia-se em diversos critérios:
a) modo de articulação - indica o tipo
de obstáculo encontrado pela corrente de ar ao
passar pela boca. São oclusivas
aquelas produzidas com obstáculo total; são constritivas
as produzidas com obstáculo parcial.
As constritivas se subdividem
em fricativas (o ar sofre fricção),
laterais (o ar passa pelos lados da cavidade bucal) e
vibrantes (a língua ou o véu palatino
vibram);
b) ponto de articulação - indica o
ponto da cavidade bucal em que se localiza o
obstáculo à corrente de ar. As
consoantes podem ser bilabiais (os lábios entram em
contato), labiodentais (o lábio
inferior toca os dentes incisivos superiores),
linguodentais (a língua toca os dentes
incisivos superiores), alveolares (a língua toca os
alvéolos dos incisivos superiores),
palatais (a língua toca o palato duro ou céu da boca)
e velares (a língua toca o palato
mole, ou véu palatino);
c) as consoantes podem ser surdas ou
sonoras, de acordo com a vibração das cordas
vocais, e ainda orais ou nasais, de
acordo com a participação das cavidades bucal e
nasal no seu processo de emissão.
O quadro abaixo reúne esses diversos
critérios de classificação.
- nota da ledora: tabela de bilabiais,
labiodentais, linguodentais, alveolares,
palatares, velares, conforme o
descrito acima.
- fim da nota da ledora.
Classificação das consoantes
portuguesas
Observação:
Em alguns casos, as consoantes
distinguem-se uma da outra apenas pela vibração das
cordas vocais. É o que ocorre, por
exemplo, com /p/ e /b/ (compare pomba e bomba) ou
/t/, e /d/ (compare testa e desta).
Nesses casos, as consoantes
são chamadas homorgânicas.
4. SILABAS
As sílabas são conjuntos de um ou mais
fonemas pronunciados numa única emissão de
voz. Em nossa língua, o núcleo da
sílaba é sempre uma vogal: não existe sílaba sem
vogal e nunca há mais do que uma única
vogal em cada sílaba.
Cuidado com as letras i e u (mais
raramente com as letras “e” e “o”), pois, como já
vimos, elas podem representar também
semivogais, que não são nunca núcleos de sílaba
em português.
Revista Propaganda Leia e assine
O8O-154555
Pro-pa-gan-da é exemplo de palavra
polissílaba.
As sílabas, agrupadas, formam
vocábulos. De acordo com o número de sílabas que os
formam, os vocábulos podem ser:
a) monossílabos - formados por uma
única sílaba: é, há, ás, cá, mar, flor, quem, quão;
b) dissílabos - apresentam duas
sílabas: a-i, a-li, de-ver, cle-ro, i-ra, sol-da, trans-por;
c) trissílabos - apresentam três
sílabas: ca-ma-da, O-da-ir, pers-pi-caz, tungs-tê-nio,
felds-pa-to;
d) polissílabos - apresentam mais do
que três sílabas: bra-si-lei-ro, psi-co-lo-gi-a, a-risto-
craci-a,
o-tor-ri-no-la-rin-go-lo-gis-ta.
5. ENCONTROS VOCÁLICOS
Os encontros vocálicos são
agrupamentos de vogais e semivogais, sem consoantes
intermediárias. E importante
reconhecê-los para fazermos a correta divisão silábica dos
vocábulos. Há três tipos de encontros:
a) hiato - é o encontro de duas vogais
num vocábulo, como em saída (sa-í-da). Os hiatos
são sempre separados quando da divisão
silábica: mô-o, ru-im, pa-ís;
b) ditongo - é o encontro de uma vogal
com uma semivogal ou de uma semivogal com
uma vogal; em ambos os casos, vogal e
semivogal pertencem obviamente a uma mesma
sílaba. O encontro vogal + semivogal é
chamado de ditongo decrescente (como em moita,
cai, mói). O encontro semivogal +
vogal forma o ditongo crescente (como em qual,
pá-tria, sério). Os ditongos podem ser
classificados ainda em orais (todos os
apresentados até agora) e nasais (como
mãe ou pão);
C) tritongo - é a seqüência formada
por uma semivogal, uma vogal e uma semivogal,
sempre nessa ordem. O tritongo
pertence a uma única sílaba: Pa-ra-guai, quão. Os
tritongos podem ser orais ( Paraguai)
ou nasais (quão).
Observações
1. A terminação -em (/êj/) em palavras
como ninguém, alguém, também, porém e a
terminação -am (/áw/) em palavras como
cantaram, amaram, falaram representam
ditongos nasais decrescentes.
2. É tradicional considerar hiato o
encontro entre uma semivogal e uma vogal ou entre
uma vogal e uma semivogal que
pertencem a sílabas diferentes. Isso ocorre quando há
contato entre uma vogal e um ditongo,
como em i-déi-a, io-iô.
3. Há alguns encontros vocálicos
átonos e finais que são chamados de instáveis porque
podem ser pronunciados como ditongos
ou como hiatos: -ia (pátria), -ie (espécie), -io
(pátio), -ua (árdua), -ue (tênue), -uo
(vácuo). A tendência predominante é pronunciá-los
como ditongos.
6. ENCONTROS CONSONANTAIS
O agrupamento de duas ou mais
consoantes, sem vogal intermediária, recebe o nome de
encontros consonantais:
a) consoante + “l” ou “r” - são
encontros que pertencem a uma mesma sílaba, como nos
vocábulos pra-to, pla-ca, bro-che,
blu-sa, trei-no, a-tle-ta, cri-se, cla-ve, fran-co, flan-co;
b) duas consoantes pertencentes a
sílabas diferentes - é o que ocorre em ab-di-car, subso-
lo, ad-vo-ga-do, ad-mi-ti r, al-ge-ma,
cor-te.
Há grupos consonantais que surgem no
início dos vocábulos; são, por isso, inseparáveis:
pneu-mo-ni-a, psi-co-se, gno-mo.
7. DÍGRAFOS
A palavra dígrafo é formada por
elementos gregos: di, "dois", e grafo, "escrever". O
dígrafo ocorre quando duas letras são
usadas para representar um único fonema.
Também se pode usar a palavra digrama
(di, "dois"; gramma, "letra") para
designar essas ocorrências.
Observação
Gu e qu nem sempre representam
dígrafos. Isso ocorre apenas quando, seguidos de e
OU i, representam os fonemas /g/ e
/k/: guerra, quilo. Nesses casos, a letra u não
corresponde a nenhum fonema. Em
algumas palavras, no entanto, o u representa uma
semivogal ou uma vogal: agüentar,
lingüiça, freqüente, tranqüilo; averigúe, argúi - o que
significa que gu e qu não são
dígrafos. Também não há dígrafo quando são seguidos de
a ou u: quando, aquoso, averiguo.
Podemos dividir os dígrafos da língua
portuguesa em dois grupos: os consonantais e os
vocálicos.
a) dígrafos consonantais
ch - representa o fonema /f/: chuva,
China;
lh - representa o fonema N: alho,
milho;
nh - representa o fonema /D/: sonho,
venho;
rr - representa o fonema /R/, sendo
usado unicamente entre vogais: barro, birra, burro;
ss - representa o fonema /s/, sendo
usado unicamente entre vogais: assunto, assento,
isso;
sc - representa o fonema /s/:
ascensão, descendente;
sç - representa o fonema /s/: nasço,
cresça;
xc - representa o fonema /s/: exceção,
excesso;
xs - representa o fonema /s/: exsuar,
exsudar;
gu - representa o fonema /g/: guelra,
águia;
qu - representa o fonema /k/: questão,
aquilo.
b) dígrafos vocálicos
am e an - representam o fonema /ã/:
campo, sangue;
em e en - representam o fonema /ê/:
sempre, tento;
im e in - representam o fonema /i -
til /: limpo, tingir;
om e on - representam o fonema /õ/:
rombo, tonto;
um e un - representam o fonema /ú/:
nenhum, sunga.
8. DIVISÃO SILÁBICA
A divisão silábica gramatical obedece
a algumas regras básicas, que apresentaremos a
seguir. Se você observar atentamente
essas regras, vai perceber que os conceitos que
estudamos até agora servem para
justificá-las:
a) ditongos e tritongos pertencem a
uma única sílaba: au-tô-no-mo, ou-to-no, di-nhei-ro;
U-ru-guai, i-guais;
b) os hiatos são separados em duas
sílabas: du-e-to, a-mên-do-a, ca-a-tin-ga;
c) os dígrafos ch, lh, nh, gu e qu
pertencem a uma única sílaba: chu-va, mo-lha, es-tanho,
guel-ra, a-que-la;
d) as letras que formam os dígrafos
rr, ss, sc, sç, xs e xc devem ser separadas: bar-ro, assun-
to, des-cer, nas-ço, es-xu-dar,
ex-ce-to;
e) os encontros consonantais que
ocorrem em sílabas internas devem ser separados,
excetuando-se aqueles em que a segunda
consoante é l ou r: con-vic-ção, as-tu-to, ap-to,
cír-cu-lo, ad-mi-tir, ob-tu-rar, etc.;
mas a-pli-ca-ção, a-pre-sen-tar, a-brir, re-tra-to, deca-
tio. Lembre-se de que os grupos
consonantais que iniciam palavras não são
separáveis: gnós-ti-co, pneu-má-ti-co,
mne-mô-ni-co.
O conhecimento das regras de divisão
silábica é útil para a tranlineação das palavras, ou
seja, para separá-las no final das
linhas. Quando houver necessidade da divisão, ela deve
ser feita de acordo com as regras
acima. Por motivos estéticos e de clareza, devem-se
evitar vogais isoladas no final ou no
início de linhas, como a-/sa ou jundia/-í. Também
se aconselha a repetição do hífen
quando a divisão coincidir com a de um hífen
preexistente (pré-datado e disse-me,
por exemplo, translineados
pré-/-datado e disse-/-me).
Ortoepia ou Ortoépia
Formado por elementos gregos (orto,
"correto"; epos, "palavra"), ortoepia ou ortoépia é
o nome que designa a parte da
Fonologia que cuida da correta produção oral das
palavras. Colocamos abaixo uma relação
que você deve ler cuidadosamente em voz
alta: lembre-se de que estamos falando
da forma de pronunciar essas palavras de acordo
com o padrão culto da língua
portuguesa, importante para você comunicar-se
apropriadamente em vários momentos de
sua
vida.
advogado aforismo aterrissagem
adivinhar babadouro bebedouro bandeija barganha
beneficência, beneficente cabeçalho
cabeleireiro caranguelo cataclismo digladiar
disenteria empecilho engajamento
estourar (estouro, estouras, etc.)
estupro/estuprar fratricídio
frustração, frustrar lagarto, lagartixa manteigueira mendigar,
mendigo meritíssimo meteorologia
mortadela prazeroso, prazerosamente privilégio
propriedade, próprio prostração,
prostrar reivindicar roubar (roubo, roubas, etc.) salsicha
tireóide umbigo
MORFOLOGIA
ESTRUTURA E FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
- nota da ledora:
propaganda com os seguintes teores: Os Gordos - com Nicolau Breyner - domingo,
no canal 1, e do Diet Shake - não faça lipo (referência a lipoaspiração) , faça
aspiração (mostrando um copo vazio, de diet shake, com um canudo - e uma
propaganda
- fim da nota.
A língua portuguesa
apresenta dois processos básicos para a formação das palavras: a derivação e a
composição.
"Os gordos"
constitui exemplo de derivação imprópria: a palavra gordos, originalmente adjetivo,
converteu-se em substantivo sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua
forma.
O segundo exemplo
alude a uma palavra formada por composição (lipoaspiração) e, decompondo-a,
tenta convencer o leitor a gastar seu dinheirinho com guloseimas, em vez de
fazê-lo com cirurgia estética.
CONCEITOS BÁSICOS
Sabemos que a
Morfologia estuda a estrutura, a formação, a classificação e as flexões das
palavras. Neste capítulo, iniciamos nossos estudos de Morfologia: vamos
investigar a estrutura e os processos de formação das palavras de nossa língua.
Se pensarmos em
palavras que mantêm alguma semelhança com o substantivo governo, poderemos
encontrar o seguinte grupo:
governo
governa
desgoverno
desgovernado
governadores
ingovernável
ingovernabilidade
Todas essas palavras
têm pelo menos um elemento comum: a forma goven-. Além disso, em todas elas há
elementos destacáveis, responsáveis pelo acréscimo de algum detalhe de
significação. Compare, por exemplo, governo e desgoverno: o elemento inicial
des- foi acrescentado à forma governo, trazendo o significado de "falta,
ausência, carência".
Continuando esse
trabalho de comparação entre as diversas palavras que selecionamos, podemos
depreender a existência de diversos elementos formadores:
govern-o
goven-a
des-govern-o
des-govern-a-do
govern-a-dor-es
in-govern-á-vel
in-govern-a-bil-i-dade
Cada um desses
elementos formadores é capaz de fornecer alguma noção significativa à palavra
que integra. Além disso, nenhum deles pode sofrer nova divisão. Estamos diante de
unidades de significação mínimas, ou seja, elementos significativos indecomponíveis,
a que damos o nome de morfemas.
2. CLASSIFICAÇÃO DOS
MORFEMAS
É o morfema govern-,
comum a todas as palavras observadas na página anterior, que faz com que as
consideremos palavras de uma mesma família de significação. Ao morfema comum de
uma família de palavras chamamos radical; às palavras que pertencem a uma mesma
família, chamamos cognatos. O radical é a parte da palavra responsável pela sua
significação principal.Já sabemos que o morfema des-, que surge em desgoverno,
é
capaz de acrescentar
ao significado da palavra governo a idéia de "negação, falta, carência".
Dessa forma, o acréscimo do morfema des- cria uma nova palavra a partir de governo.
A nova palavra formada tem o sentido de "falta, ausência de governo".
De maneira semelhante, o acréscimo do morfema -dor à forma governa- criou a
palavra governador, que significa "aquele que governa". Observe que
des- e -dor são morfemas capazes de mudar o sentido do radical a que são
anexados. Esses morfemas recebem o nome de afixos.
Quando são colocados
antes do radical, como acontece com des-, os afixos recebem o nome de prefixos.
Quando, como -dor, surgem depois do radical, os afixos são chamados de sufixos.
Prefixos e sufixos são capazes de introduzir modificações de significado no
radical a que são acrescentados. São também, em muitos casos, capazes de operar
mudança de classe gramatical da palavra a que são acrescentados. Nas palavras
que estamos analisando, merecem destaque alguns afixos:
prefixos:
des-, em desgoverno, desgovernado
in-, em ingovernável,
ingovernabilidade
sufixos
-vel, em ingovernável
-dor, em governadores
-dade, em
ingovernabilidade
- nota da ledora:
quadro de destaque na página -
OBSERVAÇÕES : Optamos
pelo uso do termo radical para designar o morfema que concentra a significação
principal da palavra e que pode ser depreendido por meio de simples comparações
entre palavras de uma mesma família. Intencionalmente, não empregamos o termo
raiz, que está ligado à origem histórica das palavras. Para identificar a raiz
de uma família de vocábulos é necessário um conhecimento específico de
etimologia.
- fim do quadro e da
nota.
Se você agora
pluralizar a palavra governo, encontrará a forma governos. Isso nos mostra que
o morfema -s, acrescentado ao final da forma governo, é capaz de indicar a flexão
de número desse substantivo.
Tomando o verbo
governar e conjugando algumas de suas formas, você irá perceber modificações na
parte final dessa palavra: governava, governavas, governava, governávamos,
governáveis, governavam. Essas modificações ocorrem à medida que o verbo vai
sendo flexionado em número (singular/plural)
e pessoa (primeira, segunda ou e o modo
do verbo
(governava/governara
/governasse, por exemplo).
Podemos concluir,
assim, que existem morfemas que indicam as flexões das palavras.
Esses morfemas sempre
surgem na parte final das palavras variáveis e recebem o nome de desinências. Há desinências
nominais (indicam flexões nominais, ou seja, o gênero e o número) e desinências
verbais (indicam flexões do verbo, como número, pessoa, tempo e modo).
Observe que entre o
radical govern- e as desinências verbais surge sempre o morfema -a-. Esse
morfema que liga o radical às desinências é chamado vogal temática. Sua função
é justamente a de ligar-se ao radical, constituindo o chamado tema. E ao tema(radical
+ vogal temática) que se acrescentam as desinências. Tanto os verbos como os nomes
apresentam vogais temáticas.
Há ainda um último
tipo de morfema que podemos encontrar: as vogais ou consoantes de ligação. São morfemas
que surgem por motivos eufônicos, ou seja, para facilitar ou mesmo possibilitar
a leitura de uma determinada palavra. Temos um exemplo de vogal de ligação na
palavra ingovernabilidade: o -i- entre os sufixos -bil- e -dade facilita a emissão
vocal da palavra. Outros exemplos de vogais e consoantes de ligação podem ser vistos
em palavras como gasômetro, alvinegro, tecnocracia; paulada, cafeteira,
chaleira,tricotar.
- nota da ledora:
anuncio de praia de nudismo, com um maiô colocado em cima
da placa de aviso:
Praia de Nudismo.
- fim da nota.
Neste metonímico
anúncio (os corpos nus estão sugeridos pelo solitário maiô), vemos uma
consoante de ligação na palavra nudismo, ligando o adjetivo nu ao sufixo -ismo.
ESTUDOS DOS MORFEMAS
LIGADOS ÀS FLEXÕES DAS PALAVRAS
VOGAIS TEMÁTICAS
A vogal temática é um
morfema que se junta ao radical a fim de formar uma base à qual se ligam as
desinências. Essa base é chamada tema. Além de atuar como elemento de ligação
entre o radical e as desinências, a vogal temática também marca grupos de nomes
e de verbos. Isso significa que existem vogais temáticas nominais e vogais temáticas
verbais.
a) vogais temáticas
nominais - são-a, -e e -o, quando átonas finais, como em mesa, artista, busca,
perda, escola; triste, base, combate, destaque, sorte; livro, tribo, amparo, auxílio,
resumo. Nesses casos, não poderíamos pensar que essas terminações são desinências
indicadoras de gênero, pois livro, escola e sorte, por exemplo, não sofrem flexão
de gênero. É a essas vogais temáticas que se liga a desinência indicadora de
plural: carro-s,mesa-s,dente-s.
Os nomes terminados
em vogais tônicas (sofá, café, caqui, mandacaru e cipó, por exemplo) não apresentam vogal temática;
podemos considerar que os terminados em consoante (feliz, roedor, por exemplo)
têm o mesmo comportamento.
b) vogais temáticas
verbais - são -a, -e e -i, criando três grupos de verbos a que se dá o nome de
conjugações. Assim, os verbos cuja vogal temática é -a pertencem à primeira conjugação;
aqueles cuja vogal temática é -e pertencem à segunda conjugação e os que têm
vogal temática -i pertencem à terceira conjugação. Podemos perceber claramente
a vogal temática atuando entre o radical
e as desinências nos seguintes exemplos:
primeira conjugação:
goven-a-va, atac-a-va, realiz-a-sse;
segunda conjugação:
estabelec-e-sse, cr-e-ra, mex-e-rá;
terceira conjugação:
defin-i-ra, imped-i-sse, ag-i-mos.
DESINÊNCIA:
As desinências são
morfemas que indicam as flexões de nomes e verbos, dividindo-se, por isso, em
desinências nominais e verbais Note que as desinências indicam flexões de uma
mesma palavra, enquanto os afixos são usados para formar novas palavras. As flexões
ocorrem obrigatoriamente quando precisamos inserir uma palavra numa seqüência
ou frase:
O ministro não foi
convidado para a reunião.
Os ministros não
foram convidados para a reunião.
A ministra não foi
convidada para a reunião.
As ministras não
foram convidadas para a reunião.
As flexões sofridas
pelas palavras nas frases acima são obrigatórias para o
estabelecimento da
concordância. Já o uso de afixos não se deve a uma obrigatoriedade, mas sim a
uma opção:
O ex-ministro não foi
convidado para a reunião.
A ministra não foi
convidada para as reuniõezinhas.
Não há nenhum
mecanismo lingüístico que torne obrigatório o uso do sufixo -
(z)inhou do prefixo
ex- nessas duas frases. Além disso, reuniãozinhas (plural
"reuniõezinhas")
e ex-ministro são duas palavras novas formadas a partir de ministro e reunião,
respectivamente; já ministros, ministra e ministras são consideradas formas de uma
mesma palavra, ministro.
a) desinências
nominais - indicam o gênero e o número dos nomes. Para a indicação de gênero, o
português costuma opor as desinências -o / -a:
garoto/garota;
menino/menina. Você já sabe como distinguir essas desinências das vogais
temáticas nominais: lembre-se de que, enquanto as desinências são comutáveis (podem
ser trocadas uma pela outra), as vogais temáticas não são (quem pensaria seriamente
em formar "livra" ou "carra" para indicar formas
"femininas"?).
Para a indicação de
número, costuma-se utilizar o morfema -s, que indica o plural em oposição à
ausência de morfema que indica o singular: garoto/garotos; garota/garotas;
menino/meninos;
menina/meninas. No caso dos nomes terminados em -r e -z, a desinência de plural
assume a forma -es: mar/mares; revólver/revólveres; cruz/cruzes; juiz/juízes.
b) desinências
verbais - em nossa língua, as desinências verbais pertencem a dois tipos distintos.
Há aquelas que indicam o modo e o tempo verbais (desinências modotemporais) e
aquelas que indicam o número e a pessoa verbais (desinências númeropessoais).
Observe, nas formas
verbais abaixo, algumas dessas desinências:
estud-á-va-mos
estud-: radical
-á-: vogal temática
-va-: desinência
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do indicativo)
-mos: desinência
número-pessoal (caracteriza a primeira pessoa do plural)
estud-á-sse-is
-sse-: desinência
modo-temporal (caracteriza o pretérito imperfeito do subjuntivo)
-is: desinência
número-pessoal (caracteriza a segunda pessoa do plural)
estud-a-ria-m
-ria-: desinência
modo-temporal (caracteriza o futuro do pretérito do indicativo)
-m: desinência
número-pessoal (caracteriza a terceira pessoa do plural)
- nota da ledora:
fotografia do apinel
de exposição da galeria do Banco Safra, anunciando a Exposição de
mulheres com corpo
escultural, com a seguinte legenda: Em mulher, -es e a desinência de plural,
pois trata-se de nome cujo singular termina em -r. Mas o interessante neste anúncio
é o emprego do adjetivo escultural geralmente usado em sentido figurado. O redator
obteve um belo efeito explorando seu sentido literal. - no anúncio, a foto de
uma escultura do corpo de uma mulher.
- fim da nota.
4. PROCESSO DE
FORMAÇÃO DAS PALAVRAS
A língua portuguesa
apresenta dois processos básicos para formação de palavras: a derivação e a
composição.
Há derivação quando,
a partir de uma palavra primitiva, obtemos novas palavras chamadas derivadas)
por meio do acréscimo de afixos. Isso ocorre, por exemplo, quando, a partir da
palavra primitiva piche, formamos pichar, da qual por sua vez se forma
pichação, pichador; também ocorre quando obtemos impessoal a partir de pessoal ou
ineficiente a partir de eficiente. Como veremos mais adiante, a derivação
também pode ser feita pela supressão de morfemas ou pela troca de classe
gramatical, mas nunca pelo acréscimo de radicais.
A composição ocorre
quando formamos palavras pela junção de pelo menos dois radicais. Nesse
sentido, diferencia-se da derivação, que não lida com radicais. As palavras
resultantes do processo de composição são chamadas palavras compostas, em oposição
àquelas em que há um único radical, chamadas simples.
Eis alguns exemplos
de palavras compostas:
lobisomem (em que se
notam os radicais das palavras lobo e homem), girassol (gira + sol), beiJa-flor
(beija + flor), otorrinolaringologia (formada por radicais eruditos, trazidos
diretamente do grego: oto + rino + laringo + logia).
DERIVAÇÃO
A derivação consiste
basicamente na modificação de determinada palavra primitiva por meio do
acréscimo de afixos. Dessa forma, temos a possibilidade de fazer sucessivos acréscimos,
criando, a partir de uma base inicialmente simples, palavras de estrutura cada
vez mais complexa:
escola
escolar
escolarizar
escolarização
subescolarização
Observe, assim, que a
derivação deve ser vista como um processo extremamente produtivo da língua portuguesa,
pois podemos incorporar os mesmos afixos a um número muito grande de palavras
primitivas. Esses acréscimos podem alterar o significado da palavra (como em escolarização/subescolarização) e também mudar
a classe gramatical da palavra (como em escolarizar/escolarização, que são,respectivamente,
verbo e substantivo).
A derivação, quando
decorre do acréscimo de afixos, pode ser classificada em três tipos: derivação
prefixal, derivação sufixal e derivação parassintética.
DERIVAÇÃO PREFIXAL OU
PREFIXAÇÃO
Resulta do acréscimo
de prefixo à palavra primitiva, que tem o seu significado alterado; veja, por
exemplo, alguns verbos derivados de pôr: repor, dispor, compor, contrapor, indispor,
recompor, decompor. Tradicionalmente, os estudiosos da língua portuguesa afirmam
que a prefixação não produz mudanças de classe gramatical; na língua atual, entretanto,
essas modificações têm ocorrido. Veja, por exemplo, as palavras antiinflação
e interbairros, que,
em expressões como pacto antiinflação e transporte interbairros atuam como
adjetivos, apesar de terem sido formadas de substantivos.
DERIVAÇÃO SUFIXAL OU
SUFIXAÇÃO
Resulta do acréscimo
de sufixo à palavra primitiva, que pode sofrer alteração de significado ou
mudança de classe gramatical. Em unhada, por exemplo, houve modificação de
significado: o acréscimo do sufixo trouxe a noção de "golpe",
"ataque feito com a unha", ou mesmo a idéia de "ferimento
provocado pela unha". Já em alfabetização, o sufixo -ção transforma em
substantivo o verbo alfabetizar. Esse verbo, por sua vez, já resulta do
substantivo alfabeto pelo acréscimo do sufixo -izar. Como já vimos, o acréscimo
de afixos pode ser gradativo. Nada impede que, depois de obter uma palavra por
prefixação, se forme outra por sufixação, ou vice-versa. Veja, por exemplo,
desvalorização (valor valorizar desvalorizar desvalorização); indesatável (desatar
desatável indesatável); desigualdade (igual igualdade desigualdade). São palavras
formadas por prefixação e sufixação ou por sufixação e prefixação.
DERIVAÇÃO
PARASSINTÉTICA OU PARASSÍNTESE
Ocorre quando a
palavra derivada resulta do acréscimo simultâneo de prefixo e sufixo à palavra
primitiva. É um processo que dá origem principalmente a verbos, obtidos a partir
de substantivos e adjetivos. Veja alguns exemplos de verbos obtidos de substantivos:
abençoar, amaldiçoar, ajoelhar, apoderar, avistar, apregoar, enfileirar, esfarelar,
abotoar, esburacar, espreguiçar, amanhecer, anoitecer acariciar, engatilhar,
ensaboar, enraizar,
afunilar, apavorar, empastelar, expatriar.
Agora, alguns
formados de adjetivos: enrijecer, engordar, entortar, endireitar, esfriar, avermelhar,
empobrecer, esclarecer, apodrecer, amadurecer, aportuguesar, enlouquecer, endurecer,
amolecer, entristecer, empalidecer, envelhecer, expropriar.
- nota da ledora:
quadro de destaque na página:
OBSERVAÇÃO: Não se
deve confundir a derivação parassintética, em que o acréscimo de sufixo e
prefixo é obrigatoriamente simultâneo, com casos como os das palavras desvalorização
e desigualdade, que vimos há pouco. Nessas palavras, os afixos são acoplados em
seqüência; assim, como vimos, desvalorização provém de desvalorizar, que provém
de valorizar, que por sua vez provém de valor.É impossível fazer o mesmo com
palavras formadas por parassíntese: não se pode, por exemplo, dizer que
expropriar provém de
"propriar" ou de "expróprio", pois tais palavras não
existem; logo, expropriar provém diretamente de próprio, pelo acréscimo
concomitante de prefixo e sufixo.
- fim do quadro de
destaque.
DERIVAÇÃO REGRESSIVA
Ocorre quando se
retira a parte final de uma palavra primitiva, obtendo por essa redução uma
palavra derivada. E um processo particularmente produtivo para a formação de substantivos
a partir de verbos principalmente da primeira e da segunda conjugações.
Esses substantivos,
chamados por isso de verbais, indicam sempre o nome de uma ação.
O mecanismo para sua
obtenção é simples: substitui-se a terminação verbal formada pela vogal
temática + desinência de infinitivo (-ar ou -er) por uma das vogais temáticas nominais
(-a, -e ou -o):
buscar - busca
alcançar - alcance
tocar - toque
apelar - apelo
censurar - censura
atacar- ataque
sacar - saque
chorar - choro
ajudar - ajuda
cortar - corte
abalar- abalo
recuar - recuo
perder - perda
debater - debate
afagar - afago
sustentar - sustento
vender - venda
resgatar - resgate
É interessante
perceber que a derivação regressiva é um processo produtivo na língua coloquial:
surgiram recentemente na língua popular palavras como agito (de agitar), amasso
(de amassar) e chego (de chegar).
- nota da ledora:
quadro de destaque na página;
Os substantivos
deverbais são sempre nomes de ação: isso é importante porque há casos em que é
o verbo que se forma a partir do substantivo, como planta plantar, perfume perfumar,
escudo escudar. Planta, perfume e escudo não são nomes de ação; por isso não
são substantivos deverbais . Na verdade, eles é que são palavras primitivas, enquanto
os verbos são derivados.
DERIVAÇÃO IMPRÓPRIA
Ocorre quando
determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou supressão em sua forma,
muda de classe gramatical. Isso acontece, por exemplo, nas frases:
Não aceitarei um não
como resposta.
É um absurdo o que
você está propondo. Na primeira frase, não, um advérbio, converteu-se em
substantivo. Na segunda, o adjetivo absurdo também se converteu em substantivo.
Já em:
Você está falando
bonito: o amar é indispensável. O adjetivo bonito surge na função típica de um
advérbio de modo, enquanto o verbo amar se converteu em substantivo.
- nota da ledora:
anúncio na página, campanha de educação no trânsito, da cidade de Curitiba, com
os seguintes dizeres: Curitiba levou 300 anos para aprender a respeitar o verde,
só falta o amarelo e o vermelho (cores referentes aos sinais de trânsito) .
Acidente de trânsito
não é falta de sorte, é falta de educação, legenda do anúncio:
Verde, amarelo e
vermelho são adjetivos que, por derivação imprópria (note a
anteposição do artigo
aos três), converteram-se em substantivos. - fim do anúncio.
- nota da ledora:
quadro em destaque, na página:
Tipos de derivação
a) derivação prefixal
ou prefixação - resulta do acréscimo de prefixo à palavra primitiva, que tem o
seu significado alterado;
b) derivação sufixal
ou sufixação - resulta do acréscimo de sufixo à palavra primitiva, que pode
sofrer alteração de significado ou mudança de classe gramatical;
c) derivação
parassintética ou parassíntese -ocorre quando a palavra derivada resulta do acréscimo
simultâneo de prefixo e sufixo à palavra primitiva. É um processo que dá origem
principalmente a verbos, obtidos a partir de substantivos e adjetivos;
d) derivação
regressiva - ocorre quando se retira a parte final de uma palavra, obtendo por
essa redução uma palavra derivada. É um processo particularmente produtivo para
a formação de substantivos a partir de verbos principalmente da primeira e da
segunda conjugações;
e) derivação
imprópria - ocorre quando determinada palavra, sem sofrer qualquer acréscimo ou
supressão em sua forma, muda de classe gramatical.
PREFIXOS
Os prefixos são
morfemas que se colocam antes dos radicais basicamente a fim de modificar-lhes
o sentido; raramente esses morfemas produzem mudanças de classe gramatical.
Os principais
prefixos da língua portuguesa são de origem latina. Na relação que se segue,
colocamos as diversas formas que esses prefixos costumam assumir, o tipo de modificação
de significado que introduzem no radical e vários exemplos.
Muitos desses
prefixos originaram-se de preposições e advérbios, e não será difícil para você
relacioná-los com preposições e advérbios da língua portuguesa.
Leia a relação com
cuidado, concentrando-se principalmente nos exemplos.
- nota da ledora: as
três páginas seguintes, trazem palavras com prefixos de
origem latina, em
tabela bastante extensa. Esta tabela foi alterada, em sua forma, durante a
edição, contudo, o teor da mesma esta conforme o original.
- fim da nota.
Prefixo e significado
Prefixo
a-, ab-, abs- (separação,
afastamento, privação)
Exemplos
abdicar, abjurar,
abster, abstrair, abuso, abusar, amovível, abster
Prefixo
a-, ad- (aproximação,
direção, aumento, transformação)
Exemplos
achegar, abraçar,
aproveitar, amadurecer, adiantar, avivar, adjunto, administrar, admirar,
adventício, assimilar
Prefixo
além- (para o lado de
lá, do lado de lá)
Exemplos
além-túmulo,
além-mar, além-mundo
Prefixo
ante- (anterioridade
no espaço ou no tempo)
Exemplos
antebraço, antepasto,
ante-sala, antevéspera, antepor, anteontem
Prefixo
aquém- (para o lado
de cá, do lado de cá)
Exemplos
aquém-mar,
aquém-fronteiras
Prefixo
bem-, ben- (de forma
agradável, positiva ou intensa)
Exemplos
bem-aventurado,
bem-vindo, benfeitor, benquisto, bem-apanhado, bem-apessoado, bemnascido, bem-querer,
bem-visto
Prefixo
circum-, circun- (ao
redor de, em torno de)
Exemplos
circuncentro,
circunscrever, circunvizinhança, circunvagar
Prefixo
cis- (posição aquém,
do lado de cá)
Exemplos
cisandino,
cisplatino, cisalpino
Prefixo
co-, com-
(contigüidade, companhia, agrupamento)
Exemplos
coabitar,
coadjuvante, coadquirir, condiscípulo, combater, correligionário, conjurar,
consoante,
confluência, compor, cooperar, corroborar, conviver, co-irmão, co-herdeiro
Prefixo
contra- (oposição,
ação conjunta, proximidade)
Exemplos
contra-atacar,
contra-argumento, contradizer, contrapor, contraprova, contrabalançar, contracheque,
contracultura, contra-exemplo, contracapa, contracanto, contramestre
Prefixo
de- (movimento de
cima para baixo)
Exemplos
decrescer, decompor,
depor, depender, decapitar, deliberar, decair
Prefixo
des- (separação, ação
contraria, negação, privação)
Exemplos
despedaçar, desfazer,
desumano, desintegrar, desigual, desconforme, desobedecer,
desmatar, desenganar,
desunião, desfolhar; (as vezes serve apenas para reforço) desafastar,
desinfeliz, desinquieto
Prefixo
dis-, di- (separação,
movimento para diversos lados, negação)
Exemplo
difícil, dissidente,
dilacerar, disseminar, distender, disforme, dissabor, divagar, difundir
Prefixo e significado
e-, es-, ex- (movimento
para fora, separação, transformação) emigrar, evadir, expor, exportar,
exprimir, expatriar, extrair, esquentar, esfriar,
esburacar,
ex-presidente, ex-ministro, ex-namorada
en-, em-, i-, in-,
im- (posição interior, movimento para dentro) enraizar, enterrar, embarcar,
embeber, imigrar, irromper, importar, importação, ingerir,
inocular
entre-, inter-
(posição intermediária, reciprocidade)
entreabrir,
entrechoque, entrelaçar, entrevista, entretela, entrever, interação,
intercâmbio,
intervir, interromper, intercalar
extra- (posição
exterior, fora de)
extraconjugal,
extrajudicial, extra-oficial, extraordinário, extranumerário, extraterrestre, extravasar,
extraviar
E-, Ifl-, Em-
(negação, privação)
imoderado,
inalterado, ilegal, ilegítimo, irrestrito, incômodo, inútil, incapaz, impuro,
impróprio
intra- (posição
interior) intro- (movimento para dentro)
intrapulmonar,
intravenoso, intra-ocular
intro- (movimento
para dentro) introduzir, intrometer, intrometido, introverter,
introjeção,
introspecção
justa- (posição ao
lado)
justapor,
justaposição, justalinear
mal- (de forma
irregular, desagradável ou escassa)
mal-humorado,
mal-educado, mal-arrumado, mal-assombrado, malfeito, mal-assado, mal-aventurança,
malcriado
ob-, o- (posição em
frente, diante, oposição)
objeto, obstar,
obstáculo, obstruir, obstrução, opor, oposição
per- (movimento
através) pos-, pós- (posterioridade, posição posterior)
perpassar, percorrer,
percurso, perfurar, perseguir, perdurar posfácio, pospor,
pós-escrito,
pós-graduação, pós-eleitoral
pre-, pré-
(anterioridade, antecedência)
premeditar,
preestabelecer, predizer, predispor, pré-história, pré-adolescente,
préamplificador
pro-, pró- (movimento
para a frente, a favor de)
promover, propelir,
progredir, progresso, proeminente, proclamar, prosseguir,
pró-socialista,
pró-britânico, pró-anistia
re- (movimento para
trás, repetição)
refluir, reagir,
reaver, reeditar, recomeçar, reviver, renascer, reanimar
retro- (movimento
para trás)
retroação,
retrocesso, retroceder, retroativo, retrógrado, retrospectivo, retrovisor
semi- (metade de,
quase, que faz o papel de)
semicírculo,
semibreve, semicondutor, semiconsciente, semi-escravidão, semianalfabeto,
semivogal, semimorto
sobre-, super-,
supra- (posição acima ou em cima, excesso, superioridade)
sobrepor, superpor,
sobrescrito, sobrescrever, sobrevir, supersensível, super-homem,
supermercado,
superdotado, supercivilização
soto-, sota-
(debaixo, posição inferior)
sotopor, sotavento,
sota-proa, sota-voga, sota-soberania
sub-, su-, sob-, 50-
(movimento de baixo para cima, inferioridade, quase)
sobraçar, soerguer,
soterrar, sujeitar, subjugar, submeter, subalimentado
subdesenvolvimento,
subliteratura, subumano, submarino, subverter
tras-, tres-, trans-
(movimento ou posição para além de, através)
traspassar ou transpassar,
trasbordar ou transbordar, tresandar, tresvariar,
transatlântico,
transalpino, transandino, transplantar
ultra- (posição além
de, em excesso)
ultrapassar,
ultramar, ultravioleta, ultramicroscópico, ultraconservador, ultraromântico,
ultra-som, ultra-sofisticado
vice- (em lugar de,
em posição imediatamente inferior)
vice-presidente,
vice-diretor, vice-cônsul, vice-almirante, vice-rei, vice-campeão,
vice-artilheiro
Prefixo e significado
an-, a- (privação,
negação)
anarquia, anônimo,
ateu, acéfalo, amora, anestesia, afônico, anemia
arcanjo, arquiduque,
arquétipo, arcebispo, arquimilionário
an(a) - (movimento de
baixo para cima, movimento inverso, repetição, afastamento,
intensidade)
anacronismo,
anagrama, análise, anabatista, anáfora, analogia, anatomia,
anafilaxia
anf(i)- Ide Um e de
outro lado, ao redor
anfiteatro, anfíbio,
anfipode
ant(i)- (ação
contrária, oposição)
antagonista,
antítese, antiaéreo, antípoda, antídoto, antipatia, anticonstitucional, anticorpo,
antifebril, antimonárquico, anti-social
ap(o)- (afastamento,
separação)
apóstata, apogeu,
apóstolo
arc(a)-, arce-,
arque-, arqui-(superioridade, primazia )
arcanjo, arquiduque,
arquétipo, arcebispo, arquimilionário
cata- (movimento de
cima para baixo, oposição, em regressão)
cataclismo, catacumba,
catarro, catástrofe, catadupa, catacrese, catálise, catarata
di(a)- (através, por
meio de, separação)
diagnóstico, diálogo,
dialeto, diâmetro, diáfano
dis- (mau estado,
dificuldade)
dispnéia, disenteria,
dislalia, dispepsia
ec-, ex- (movimento
para fora)
eclipse, exantema,
êxodo
en-, e-, em- (
posição interior, dentro)
encéfalo, emplastro,
elipse, embrião
end(o)- (movimento
para dentro, posição interior)
endocarpo,
endotérmico, endoscópio
ep(i)- (posição
superior, sobre, movimento para, posterioridade)
epiderme, epígrafe,
epílogo, epícarpo, epidemia
eu-, ev- (bem, bom)
eufonía, eugenia,
eufemismo, euforia, eutanásia, evangelho
hiper- posição
superior, excesso, além)
hipérbole,
hipertensão, hipercrítíco, hiperdesenvolvimento, hiperestesia,
hipermercado, hipermetropia,
hipertrofia, hipersônico
hipo- (posição
inferior, escassez)
hipodérmico,
hipótese, hipocalórico, hipogeu, hípoglicemia, hipotensão, hipoteca
met(a)- (mudança,
sucessão, posterioridade, além)
metáfora,
metamorfose, metafísica, metonímia, metacarpo, metátese, metempsicose
par(a)- (perto, ao
lado de, elemento acessório)
paradoxo, paralelo,
parágrafo, paramilitar, parábola, parâmetro
peri- (movimento ou
posição em torno)
perifrase, periferia,
período, periarto, pericarpo
pro- (movimento para
diante, posição em frente ou anterior)
programa, prólogo,
prognóstico, pródromo, próclise
sin-, sim- (ação
conjunta, companhia, reunião, simultaneidade)
sinestesia,
sincronia, síntese, sinônimo, sinfonia, simpatia, sílaba, sintaxe, sistema
PREPOSIÇÕES E ADVÉRBIOS
QUE TEM SIDO USADOS COMO PREFIXOS
Preposição/advérbio:
significado e exemplos;
sem- (falta,
privação, ausência) sem-amor, sem-terra, sem-teto, sem-fim, semvergonha,
sem-família
quase- (perto,
aproximadamente, por pouco, pouco menos) quase-delito, quaseequilíbrio, quase-posse,
quase-suicida
não- (negação por
exclusão) não-alinhado, não-euclidiano, não-violência, nãoengajamento, não-essencial,
não-ficção, não-metal, não-participante
SUFIXOS
Os sufixos são
capazes de modificar o significado do radical a que são acrescentados.
Sua principal
característica, no entanto, é a mudança de classe gramatical que
geralmente operam.
Dessa forma, podemos utilizar o significado de um verbo, por exemplo, num
contexto em que se deve usar um substantivo.
Por isso, vamos observar
os principais sufixos da língua portuguesa em relações que colocam em evidência
as diversas classes de palavras envolvidas no processo de derivação. Perceba
que, como o sufixo é colocado depois do radical, a ele são
incorporadas as
desinências que indicam as flexões das palavras variáveis.
1. Formam
substantivos a partir de outros substantivos
-ada
a) ferimento, golpe
ou marca produzida por instrumento: facada, punhalada, navalhada, martelada,
pedrada, bicada, chifrada, dentada, unhada; penada, pincelada.
b) medida ou
quantidade: garfada, batelada, fornada, tigelada, carrada, colherada.
c) multidão: boiada,
carneirada, estacada, ramada, papelada, meninada.
d) alimentos ou
bebidas: cajuada, laranjada, limonada, cocada, marmelada, goiabada, feijoada.
e) movimentos ou atos
rápidos, enérgicos ou de duração prolongada: risada, gargalhada, cartada;
jornada, noitada, temporada.
-ado, -ato
títulos honoríficos,
territórios governados, cargos elevados, instituições: viscondado, arcebispado,
principado, pontificado, protetorado, condado, almirantado, eleitorado, apostolado,
noviciado, bacharelado, reitorado, consulado; clericato, tribunato, sindicato, triunvirato,
baronato, cardinalato.
-agem
a) noção coletiva:
folhagem, ferragem, plumagem, ramagem, pastagem.
b) ação ou resultado
da ação; estado: aprendizagem, ladroagem, vadiagem.
-al
a) sentido coletivo:
bananal, cafezal, feijoal, batatal, laranjal, morangal, pinhal, olival, jabuticabal, areal, lamaçal, lodaçal.
b) relação,
pertinência: dedal, portal, pantanal.
-alha
noção coletiva de
valor pejorativo: gentalha, canalha, politicalha, miuçalha.
-ama, -ame
noção coletiva ou de
quantidade: dinheirama, mourama, velame, vasilhame, cordoame.
-ana, -eria
a) ramo de negócio ou
estabelecimento:chapelaria, livraria, alfaiataria, drogaria,
tinturaria,
confeitaria, leiteria, sorveteria.
b) noção coletiva:
pedraria, sacaria, caixaria, fuzilaria, gritaria, infantaria ou infanteria.
c) atos ou resultados
dos atos de certos indivíduos: patifaria, velhacaria, pirataria, galantaria ou
galanteria.
-ário
a) atividade, ofício,
profissão: boticário, operário, secretário, bancário.
b) lugar onde se
coloca algo: campanário, aquário, relicário, vestiário.
c) noção coletiva:
rimário, anedotário, erário.
-edo
a) sentido coletivo:
arvoredo, vinhedo, olivedo, passaredo.
b) objeto isolado, de
grande vulto: penedo, rochedo.
-eiro, -eira
a) ofícios e
ocupações: barbeiro, sapateiro, parteira, peixeiro, carteiro, bombeiro, sineiro,
toureiro, marinheiro, livreiro, copeiro, pedreiro.
b) nomes de árvores
ou arbustos: cajueiro, laranjeira, roseira, amendoeira, coqueiro, cafeeiro,
pessegueiro, mangueira, jaqueira, goiabeira, craveiro, figueira, castanheiro ou
castanheira, espinheiro ou espinheira.
c) objetos ou lugares
que servem para guardar: cigarreira, manteigueira, paliteiro, cinzeiro,
tinteiro, compoteira, açucareiro, agulheiro, saladeira.
d) objetos de uso
pessoal em geral: pulseira, perneira, joelheira, munhequeira, banheira, chuteira.
e) noção coletiva, de
quantidade ou de intensidade: nevoeiro, poeira, lameira, chuveiro; pedreira,
carvoeira, ostreira; vespeiro, formigueiro; cabeleira.
-ia
a) profissão,
dignidade ou lugar onde se exerce profissão: advocacia, baronia, chefia, chancelaria,
delegacia, reitoria, diretoria.
b) sentido coletivo:
confraria, clerezia, penedia.
-io
noção coletiva:
mulherio, rapazio, poderio, gentio.
-ite
inflamação:
bronquite, gastrite, rinite, estomatite, esplenite, otite, enterite.
-ugem
semelhança ou idéia
de porção: ferrugem, lanugem, penugem, babugem.
-ume
a) noção coletiva, de
quantidade ou intensidade: cardume, negrume, azedume, chorume.
b) ação ou resultado
da ação: curtume, urdume.
2. Formam
substantivos de adjetivos
Os substantivos
derivados de adjetivos indicam qualidades, propriedades ou estados.
-dade
crueldade, maldade,
bondade, divindade, sociedade, umidade, liberalidade, fragilidade, facilidade,
legalidade, amabilidade, possibilidade, solubilidade.
-dão
mansidão, podridão,
escuridão, gratidão.
-ez, -eza
altivez, mudez,
surdez, sordidez, intrepidez, honradez, mesquinhez, pequenez, pureza, firmeza,
nobreza, fraqueza, estranheza, delicadeza, sutileza.
-ia
valentia, ufania,
cortesia, alegria, melhoria.
-ice, -ície
velhice, meninice,
criancice, beatice, tolice, modernice; calvície, canície, planície; imundice ou
imundície.
-or
alvor; amargor,
dulçor; negror.
-tude
amplitude, magnitude,
latitude, longitude.
-ura
brancura, amargura,
loucura, frescura, verdura, doçura, largura, espessura.
3. Formam
substantivos de verbos
-ança (-ância), -ença
(-ência)
nomes de ação ou de
resultados dela; nomes de estado: esperança, lembrança, vingança, constância,
importância, relevância; crença, descrença, diferença, detença; regência, conferência,
obediência.
-ante, -ente, -inte
agente: ajudante,
emigrante, navegante, combatente, pretendente, ouvinte, pedinte.
Em muitos casos,
houve especialização de sentido: poente, restaurante, estante, minguante,
vazante, afluente.
-dor, -tor, -sor, -or
nome de agente ou de
instrumento: roedor, salvador, pescador, carregador, tradutor, jogador,
poupador, investidor, investigador, inspetor; regador, aquecedor; raspador; interruptor,
disjuntor.
-ção, -são, -ão
ação ou resultado
dela: coroação, nomeação, posição, traição, adulação, consolação, obrigação,
negação, declaração, audição, solução, invocação, extensão, agressão, repercussão,
discussão, puxão, arranhão, escorregão.
-douro, -tório
lugar ou instrumento
para prática da ação: miradouro, ancoradouro, desaguadouro, logradouro,
matadouro, bebedouro, babadouro; purgatório, dormitório, laboratório, vomitório,
oratório.
-dura, -tura, -sura,
-ura
resultado ou
instrumento da ação: atadura, armadura, escritura, fechadura, clausura,
urdidura, benzedura,
mordedura, torcedura, pintura, magistratura, formatura.
-mento
ação, resultado da
ação ou instrumento: acolhimento, apartamento, pensamento, conhecimento,
convencimento, esquecimento, fingimento, impedimento, ferimento, ornamento,
instrumento, armamento, fardamento.
4. Formam
substantivos e adjetivos de outros substantivos e adjetivos
-ismo
a) doutrinas ou
sistemas religiosos, filosóficos, políticos, artísticos: calvinismo,
bramanismo, budismo,
materialismo, espiritismo, socialismo, capitalismo, federalismo, gongorismo,
simbolismo, modernismo, impressionismo.
b) maneira de
proceder ou de pensar: heroísmo, pedantismo, patriotismo, servilismo, ufanismo,
nepotismo, filhotismo, arrivismo, oportunismo, revanchismo.
c) formas de
expressão que apresentam particularidades: vulgarismo, latinismo, galicismo,
arcaísmo, neologismo, solecismo, barbarismo.
d) terminologia
científica: magnetismo, galvanismo, alcoolismo, reumatismo,
traumatismo.
-ista
a) sectários de
certas doutrinas: calvinista, bramanista, budista, materialista, espiritista, socialista,
capitalista, federalista, gongorista, simbolista, modernista, impressionista.
b) ofícios, agentes:
flautista, florista, telefonista, maquinista, latinista, dentista,
acionista, tenista,
esportista.
c) adeptos de
determinadas formas de agir ou pensar: oportunista, golpista, saudosista,emancipacionista,
desenvolvimentista, arrivista, revanchista.
d) nomes pátrios ou
indicadores de origem: nortista, sulista, paulista, santista,
campista.
5. Formam adjetivos
de substantivos ou de outros adjetivos
-aco
estado íntimo;
pertinência; origem: maníaco, demoníaco, austríaco, siríaco.
- nota da ledora:
quadro em destaque na página :
OBSERVAÇÃO:
A relação entre as
palavras tormadas pelos sufixos -ismo e -ista é óbvia:
modernismo/modernista;
calvinismo/calvinista, etc. Note, no entanto, que não é umarelação obrigatória:
protestantismo/protestante; maometismo/maometano;
islamismo/islamita.
- fim do quadro.
-ado
a) provido, cheio de:
barbado, ciliado, dentado.
b) que tem caráter
de: adamado, afeminado, amarelado, avermelhado.
-aico
referência,
pertinência; origem: prosaico, onomatopaico, judaico, caldaico, aramaico.
-ano
a) pertinência;
proveniência; relação com: humano, mundano, serrano.
b) adeptos de
doutrinas estéticas, religiosas, filosóficas: maometano, luterano,
anglicano, camoniano,
shakespeariano, horaciano.
c) nomes pátrios:
americano, baiano, pernambucano, peruano, prussiano, açoriano,alentejano.
-ão
proveniência, origem:
alemão, coimbrão, beirão, aldeão.
-al, -ar
relação, pertinência:
dorsal, causal, substancial, anual, pessoal; escolar, palmar, vulgar,solar,
lunar; consular; familial ou familiar.
-eiro, -ário
relação; posse;
origem: verdadeiro, rasteiro, costeiro, originário, ordinário, diário, subsidiário,
tributário, mineiro, brasileiro.
-engo, -enho, -eno
relação; procedência,
origem: mulherengo, avoengo, solarengo, flamengo; ferrenho, estremenho,
madrilenho, panamenho, portenho; nazareno, terreno, tirreno, chileno.
-ento
provido ou cheio de;
que tem o caráter de: sedento, rabugento, peçonhento, cinzento, ciumento,
corpulento, turbulento, opulento, barrento, vidrento.
-ês, -ense
relação; procedência,
origem: francês, inglês, genovês, milanês, escocês, irlandês; paraense,
cearense, maranhense, vienense, parisiense, catarinense, forense.
-eo
relação; semelhança;
matéria: róseo, férreo.
-esco, -isco
referência;
semelhança: burlesco, dantesco, mourisco.
-este, -estre
relação: agreste,
celeste; campestre, terrestre, alpestre, silvestre.
-eu
e relação;
procedência, origem: europeu, judeu, caldeu, hebreu, filisteu, cananeu.
-ico, icio
relação; procedência:
bíblico, melancólico, pérsico, céltico, britânico, ibérico,
geométrico;
alimentício, natalício.
-il
referência;
semelhança: febril, infantil, senhoril, servil, varonil, estudantil, fabril.
-ino
relação; origem;
natureza: argentino, florentino, bizantino, cristalino, leonino,
alabastrino,
diamantino, londrino, bovino.
-ita
relação; origem:
ismaelita, israelita, jesuíta.
-onho
propriedade; hábito:
medonho, risonho, enfadonho, tristonho.
-oso
provido, cheio de;
que provoca: orgulhoso, furioso, desejoso, rigoroso, noticioso, leitoso,
sulfuroso, montanhoso, pedregoso, temeroso, lamentoso, lastimoso, vergonhoso, angustioso.
-tico
relação: aromático,
problemático, asiático, rústico.
-udo
provido de, cheio de
ou com a forma de, muitas vezes com idéia de desproporção: sisudo, pontudo,
bicudo, peludo, cabeludo, narigudo, espadaúdo, repolhudo, bochechudo, carnudo,
polpudo.
6. Formam adjetivos
de verbos
-ante, -ente, -inte
ação; qualidade;
estado: semelhante, tolerante; doente, resistente; constituinte, seguinte.
-io, -ivo
ação; referência;
modo de ser: escorregadio, erradio, fugidio, tardio, prestadio;
pensativo, lucrativo,
fugitivo, afirmativo, negativo, acumulativo.
-iço, icio
referência;
possibilidade de praticar ou sofrer ação: abafadiço, movediço, quebradiço, alagadiço,
metediço; acomodatício, factício, translatício, sub-reptício.
-doiro, -douro,
-tório
ação, muitas vezes de
valor futuro; pertinência: casadoiro; duradouro, vindouro;
inibitório,
preparatório, imigratório.
-vel
possibilidade de
praticar ou sofrer ação:
desejável,
vulnerável, remediável, substituível, suportável, louvável, admissível,
reduzível, removível,
corrigível, discutível.
7. Forma advérbios de
adjetivos
-mente
justamente,
vaidosamente, livremente, burguesmente, perigosamente, firmemente, fracamente.
8. Formam verbos de
substantivos e adjetivos
-ar
murar, jardinar,
telefonar, ancorar, ordenar; almoçar.
-ear
sapatear, floretear;
golpear, saborear, saquear; mastrear; folhear; sanear; clarear.
-ejar
lacrimejar, gotejar;
gaguejar, voejar.
-entar
amolentar;
aformosentar.
-ecer, -escer
favorecer; escurecer;
florescer; rejuvenescer.
-ficar
falsificar,
petrificar, exemplificar, fortificar, dignificar; purificar.
-ilhar
dedilhar; fervilhar.
-inhar
escrevinhar,
cuspinhar.
-iscar
chuviscar; lambiscar.
-itar
saltitar, dormitar.
-izar
organizar, civilizar;
harmonizar, fertilizar, esterilizar; tranqüilizar; vulgarizar,
simpatizar;
economizar; arborizar.
9. Sufixos
aumentativos
-ão, -eirão, -arrão,
-alhão, -zarrão
casarão, caldeirão,
paredão; chapeirão; grandalhão, vagalhão; homenzarrão.
-aça, -aço, -uça
barcaça, barbaça;
ricaço, doutoraço, mulheraço; dentuça.
-alha
fornalha
-anzil
corpanzil
- nota da ledora:
quadro em destaque na página-
OBSERVAÇÃO
Os verbos novos da
língua são criados pelo acréscimo da terminação -ar a substantivos e adjetivos.
Essa terminação é formada pela vogal temática da primeira conjugação seguida
pela desinência do infinitivo impessoal, atuando como um verdadeiro sufixo.
Os demais sufixos
costumam conferir detalhes de significado aos verbos que formam.
Observe:
-ear
indica ação repetida
(cabecear folhear) ou ação que se prolonga (clarear). O mesmo acontece com
-ejar: gotejar, velejar.
-entar
indica processo de
atribuição de uma qualidade ou estado (amolentar). O mesmo se dá com -ficar e
-izar: clarificar, solidificar, civilizar, atualizar.
-iscar
indica ação repetida
e diminuída; chuviscar, lambiscar. O mesmo ocorre com -itar
(dormitar; saltitar),
-ilhar e outros. No caso de -inhar, muitas vezes há sentido
depreciativo, como em
escrevinhar.
-a réu
fogaréu, povaréu,
mundaréu.
-arra, -orra
bocarra, naviarra;
beiçorra, cabeçorra.
-az, alhaz, arraz
ladravaz, linguaraz,
fatacaz, machacaz; facalhaz; pratarraz.
-astro
medicastro,
poetastro.
10. Sufixos
diminutivos
-acho, -icho, -ucho
riacho, fogacho;
governicho, barbicha; gorducho, papelucho, casucha.
-ebre
casebre
-eco, -ico
livreco, soneca,
padreco; burrico, marica.
-ejo
lugarejo, animalejo.
-ela
ruela, viela,
magricela.
-elho, -ilho, -ilha
folhelho, rapazelho;
pecadilho; tropilha.
-ete, -eta, -eto
tiranete, fradete,
artiguete, lembrete, diabrete; saleta, lingüeta; esboceto.
-inho, -inha, -zinha,
-zinho
livrinho, pratinho,
branquinho, novinho, bonitinho, toquinho, caixinha, florzinha,
vozinha.
-im
espadim, lagostim,
camarim, fortim.
-ino
pequenino
-isco, -usco
chuvisco, petisco;
velhusco.
-ito, -ita, -zito
casita, rapazito,
copito; amorzito, jardinzito, florzita.
-ola
rapazola, bandeirola,
portinhola, fazendola.
-ote, -oto, -ota
rapazote, caixote,
velhote, fidalgote, saiote; perdigoto; velhota.
-ulo, -ula, -culo,
-cula
glóbulo, grânulo,
nódulo, régulo; corpúsculo, minúsculo, homúnculo, montículo,
opúsculo, versículo;
radícula, gotícula; partícula, película, questiúncula.
- nota da ledora;
quadro de destaque na página -
OBSERVAÇÃO: É fácil
notar que muitas vezes os sufixos aumentativos e diminutivos
sugerem deformidade
(como em beiçorra, cabeçorra), admiração (carrão), desprezo (asneirão,
poetastro, artiguete), carinho (paizinho, pequenino), intensidade (alegrinho), ironia
(safadinha) e vários outros matizes semânticos. No caso dos sufixos pertencentes
ao último grupo apresentado, temos a formação de diminutivos eruditos –
diretamente importados do latim -, os quais são muito usados na terminologia
científica.
- fim do quadro de
destaque.
COMPOSIÇÃO
A composição produz
palavras compostas a partir da aproximação de palavras simples.
As palavras simples
são aquelas em que há um único radical, como amor e perfeito.
Para que ocorra o
processo de composição, é necessário estabelecer entre essas palavras um
vínculo permanente, que faz com que surja um novo significado: é o que ocorre quando
formamos o composto amor-perfeito, que dá nome a uma flor. O significado não é
o mesmo da expressão amor perfeito, na qual cada palavra mantém seu significado
original: trata-se do sentimento amoroso manifestado de forma perfeita. Em amor-perfeito
há uma única palavra que dá nome a um organismo vegetal.
A composição também
pode ser feita por meio do uso de radicais que não têm vida independente na
língua. Isso ocorre basicamente na formação de palavras que recebem o nome de
compostos eruditos por serem formadas com radicais gregos e latinos. E o caso,
por exemplo, de democracia, patogênese, alviverde, agricultura e outras, usadas
principalmente na nomenclatura técnica e científica.
TIPOS DE COMPOSIÇÃO
Quanto à forma que adquire
a palavra composta, costumam-se apontar dois tipos de composição:
a) composição por
justaposição - ocorre quando os elementos que formam o composto são
simplesmente colocados lado a lado (justapostos), sem que se verifique qualquer
alteração fonética em algum deles: segunda-feira, pára-raios, corre-corre, guarda-roupa,
amor-perfeito, pé-de-moleque, girassol, passatempo. O que caracteriza a justaposição
é a manutenção da integridade sonora das palavras que formam o composto, e não
a forma de grafá-lo: passatempo e girassol, apesar de serem escritos sem hífen,
são compostos por justaposição;
b) composição por
aglutinação - ocorre quando os elementos que formam o composto se aglutinam, o
que significa que pelo menos um deles perde sua integridade sonora, sofrendo
modificações. Observe os exemplos e note as transformações sofridas pelas palavras
formadoras: vinagre (vinho + acre), aguardente (água + ardente), pernalta (perna + alta), planalto (plano + alto).
Também se incluem
neste caso muitos compostos eruditos (como retilíneo, crucifixo, ambidestro,
demagogo e outros), cuja identificação requer conhecimentos mais especializados.
As possibilidades de
composição são imprevisíveis: podem-se formar compostos pelo relacionamento de
palavras pertencentes a praticamente todas as classes gramaticais.
Há, por exemplo,
compostos formados por substantivo + substantivo (porco-espinho), substantivo +
adjetivo (amor-perfeito), advérbio + adjetivo (sempre-viva), verbo + substantivo
(pára-choques).
A principal função do
processo de composição é a criação de novas palavras para denominar novos
objetos, conceitos ou ocupações. Essa função denominadora pode ser dada de
forma descritiva ou metafórica. Palavras como papel-alumínio, relógio-pulseira ou
lava-louças são descritivas porque buscam dar nome a objetos por meio de suas características
ou finalidades mais relevantes.
Louva-a-deus e
arranha-céu são compostos de origem metafórica, pois resultam de um evidente
uso figurado da linguagem.
O surgimento de novas
palavras compostas na língua é constante, uma vez que a necessidade de
encontrar nomes específicos para novos objetos e conceitos é ininterrupta.
Dessa forma, podemos perceber na língua atual a transformação de expressões em
novas palavras. Pense, por exemplo, na expressão três em um (que na linguagem
publicitária já aparece "três-em-um"), que dá nome a certas
combinações de aparelhos de som. Aliás, pense na própria expressão aparelho de
som, que já é praticamente uma palavra composta (como máquina de lavar ou
máquina de costura).
Em alguns casos,
podemos observar que já existe a consciência de que se está lidando com uma
palavra composta, como é o caso de ponto de vista e meio ambiente, expressões
que vêm sendo grafadas "ponto-de-vista" e "meio-ambiente"
com frequência cada vez maior.
- nota da ledora:
propaganda do diet shake, fazendo referência ao vocábulo
lipoaspiração. Este
anúncio já foi descrito pela ledora em página anterior.
- fim da nota.
Lipoaspiração
constitui exemplo de formação de novas palavras compostas na língua. O anunciante
aproveitou o mote para decompô-la e incentivar jocosamente o consumo.
RADICAIS E COMPOSTOS
ERUDITOS
O mecanismo da
composição é utilizado para a formação de um tipo especifico de palavras
conhecidas como compostos eruditos, assim chamados porque em sua formação se
utilizam elementos de origem grega e latina que foram diretamente importados
dessas línguas com essa finalidade. Por isso, esses compostos são também chamados
de helenismos e latinismos eruditos. São palavras como pedagogia e quiromancia
(formadas de elementos gregos) ou arborícola e uxoricida (formadas por elementos
latinos), normalmente criadas para denominar objetos ou conceitos relacionados
com as ciências e as técnicas. Muitas delas acabam se tornando cotidianas (telefone,
automóvel, democracia e agricultura, por exemplo).
Apresentamos a seguir
duas relações de radicais gregos e duas relações de radicais latinos. A
primeira relação de radicais gregos e a primeira relação de radicais latinos agrupa
os elementos formadores que normalmente são colocados no início dos compostos;
a segunda relação de radicais agrupa, em cada caso, os elementos formadores que
costumam surgir na parte final dos compostos.
Adotamos esse
procedimento a fim de facilitar seu trabalho de consulta: ao encontrar determinado
exemplo na relação dos radicais que costumam ser o primeiro elemento do composto,
você poderá mais rapidamente verificar o valor do segundo elemento na relação
dos radicais que costumam figurar no final dos compostos. Atente para o fato de
que determinados radicais costumam aparecer em determinadas posições noscompostos;
nada os impede de surgir em posição diferente.
Alguns dos radicais
que colocamos nas relações a seguir são considerados prefixos por alguns
autores; outros estudiosos preferem chamá-los "elementos de
composição".
Acreditamos que essas
questões terminológicas são pouco importantes para você, que tem finalidades
mais práticas. Observe que muitas palavras que fazem parte das suas aulas de
Biologia, Química e Física podem ser encontradas nas relações abaixo; observe,
principalmente, que o conhecimento do significado dos elementos que as constituem
muitas vezes nos ajuda a compreender os conceitos e seres que denominam.
RADICAIS GREGOS
Elementos que
normalmente surgem na parte inicial do composto
Radical, significado
e exemplo:
acr-, acro- (alto,
elevado) acrópole, acrofobia, acrobata
aer-, aero- (ar)
aeródromo, aeronauta, aeróstato, aéreo
agro- (campo)
agrologia, agronomia, agrografia, agromania
al-, alo- (outro,
diverso) alopatia, alomorfia
andr-, andro- (homem,
macho) androceu, andrógino, andróide, androsperma
anemo- (vento)
anemógrafo, anemômetro
angel-, angelo-
(mensageiro, anjo) angelólatra, angelogia
ant-, anto- (flor)
antologia, antografia, antóide, antomania
antropo- (homem)
antropógrafo, antropologia, filantropo
aritm-, aritmo-
(número) aritmética, aritmologia, aritmomancia
arque- (primeiro,
origem) arquétipo, arquegônio
arqueo- (antigo)
arqueografia, arqueologia, arqueozóico
aster-, astro-
(estrela, astro) asteróide, astrólogo, astronomia
auto- (próprio)
autocracia, autógrafo, autômato
bari-, baro- (peso)
barômetro, barítono, barisfera
biblio- (livro)
bibliografia, biblioteca, bibliófilo
bio- (vida)
biografia, biologia, macróbio, anfíbio
caco- (mau)
cacofonia, cacografia
cali- (belo)
califasia, caligrafia
cardi-, cardio-
(coração) cardiologia, cardiografia
cin-, cine-, cines-
(movimento) cinestesia, cinemática
core-, coreo- (dança)
coreografia, coreógrafo
cosmo- (mundo)
cosmógrafo, cosmologia
cript-, cripto-
(escondido) criptônimo, criptograma
cris-, criso- (ouro)
crisálida, crisântemo
crom-, cromo- (cor)
cromossomo, cromogravura, cromoterapia
crono- (tempo)
cronologia, cronometro, cronograma
datilo- (dedo)
datilografia, datiloscopia
demo- (povo)
demografia, democracia, demagogia
dinam-, dinamo-
(força, potência) dinamômetro, dinamite
eco- (casa) ecologia,
ecossistema, economia
eletro- (âmbar,
eletricidade) elétrico, eletrômetro
enter-, entero-
(intestino) enterite, enterogastrite
ergo- (trabalho)
ergonomia, ergometria
estere-, estereo-
(sólido, fixo) estereótipo, estereografia
estomat-, estomato-
(boca, orifício) estomatite, estomatoscópio
etno- (raça)
etnografia, etnologia
farmaco-
(medicamento) farmacologia, farmacopéla
filo- (amigo)
filósofo, filólogo
fisio- (natureza) fisiologia,
fisionomia
fono- (voz) eufonia,
fonologia
fos-, foto- (luz)
fósforo, fotofobia
gastr-, gastro-
(estômago) gastrite, gastrônomo
Radical e significado
e exemplo
gen-, geno- (que
gera) genótipo, hidrogênio
geo- (terra)
geografia, geologia
ger-, gero- (velhice)
geriatria, gerontocracia
helio- (sol)
heliografia, helioscópio
hemi- (metade)
hemisfério, hemistíquio
hemo-, hemato-
(sangue) hemoglobina, hematócrito
hetero- (outro)
heterônimo, heterogêneo
hidro- (água)
hidrogênio, hidrografia
hier-, hiero-
(sagrado) hieróglifo, hierosolimita
hipo- (cavalo)
hipódromo, hipopótamo
homo-, homeo-
(semelhante) homeopatia, homógrafo, homogêneo
icono- (imagem)
iconoclasta, iconolatria
idio- (peixe)
ictiófago, ictiologia
iso- (igual)
isócrono, isósceles
lito- (pedra)
litografia, litogravura
macro- (grande)
macrocéfalo, macrocosmo
mega-, megalo-
(grande) megatério, megalomaníaco
melo- (canto)
melodia, melopéia
meio- (meio)
mesóclise, Mesopotâmia
micro- (pequeno)
micróbio, microcéfalo, microscópio
miso- (que odeia) misógino,
misantropo
mito- (fábula)
mitologia, mitômano
necro- (morto)
necrópole, necrotério
neo- (novo)
neolatino, neologismo
neuro-, nevr- (nervo)
neurologia, nevralgia
odonto- (dente)
odontologia, odontalgia
ofi-, oflo- (cobra,
serpente) ofiologia, ofiomancia
oftalmo- (olho)
oftalmologia, oftalmoscópio
onomato- (nome)
onomatologia, onomatopéia
ornit-, omito- (ave)
ornitologia, ornitóide
oro- (montanha)
orogenia, orografia
orto- (reto,
justo)ortografia, ortodoxo
oste-, osteo- (osso)
osteoporose, osteodermo
oxi- (ácido, agudo)
oxítona, oxígono, oxigênio
paleo- (antigo)
paleografia, paleontologia panteismo,
pan- (todos, tudo)
pan-americano
pato- (doença,
sentimento) patologia, patogenético, patético
pedi-, pedo-
(criança) pediatria, pedologia
piro- (fogo) pirólise,
piromania, pirotecnia
pluto- (riqueza)
plutomania, plutocracia
poli- (muito)
policromia, poliglota, polígrafo, polígono
potamo- (rio)
potamografia, potamologia
proto- (primeiro)
protótipo, protozoário
pseudo- (falso)
pseudônimo, pseudópode
psico- (alma,
espírito) psicologia, psicanálise
quiro- (mão)
quiromancia, quiróptero
rino- (nariz)
rinoceronte, rinoplastia
rizo- (raiz)
rizófilo, rizotônico
sider- (ferro)
siderólito, siderurgia
sismo- (abalo,
tremor) sismógrafo, sismologia
taqui
(rápido)taquicardia, taquigrafia
tax-, taxi-, taxio-
(ordem, arranjo) taxiologia, taxidermia
tecno- (arte, oficio,
indústria) tecnologia, tecnocracia, tecnografia
tele- (longe)
telegrama, telefone, telepatia
teo- (deus)
teocracia, teólogo
term-, termo- (calor)
termômetro, isotérmico
tipo- (figura, marca)
tipografia, tipologia
topo- (lugar)
topografia, toponímia
xeno- (estrangeiro)
xenofobia, xenomania
xilo- (madeira)
xilógrafo, xilogravura
zoo-
(animal)zoógrafo, zoologia
NUMERAIS
Radical, significado,
e exemplos:
mon-, mono- (um)
monarca, monogamia
di- (dois) dipétalo,
dissílabo
tri- (três) trilogia,
trissílabo
tetra- (quatro)
tetrarca, tetraedro
pent-, penta- (cinco)
pentatlo, pentágono
hexa- (seis)
hexágono, hexâmetro
hepta- (sete)
heptágono, heptassílabo
octo- (oito) octossílabo,
octaedro
enea- (nove)
eneágono, eneassílabo
deca- (dez) decaedro,
decalitro
hendeca- (onze)
hendecassílabo, hendecaedro
dodeca- (doze)
dodecassílabo
icos- (vinte)
icosaedro, icoságono
hecto-, hecato- (cem)
hectoedro, hecatombe, hectômetro, hectograma
quilo- (mil)
quilograma, quilômetro
miria- (dez mil -
inumerável) miriâmetro, miríade, miriápode
Elementos que
normalmente surgem na parte final do composto
Radical , significado
e exemplos
-agogia (condução)
pedagogia, demagogia
-agogo (que conduz)
demagogo, pedagogo
-algia (dor)
cefalalgia, nevralgia
-arca (que comanda)
heresiarca, monarca
-arquia (comando,
governo) autarquia, monarquia
RADICAL, SIGNIFICADO
E EXEMPLOS
- astenia(debilidade)
neurastenia, psicastenia
-céfalo (cabeça)
macrocéfalo, microcéfalo
-ciclo (círculo)
bicicleta, hemiciclo
-cracia (poder)
democracia, plutocracia, gerontocracia
-derme (pele)
endoderme, epiderme
-doxo (que opina)
ortodoxo, heterodoxo
-dromo (lugar para
correr) hipódromo, velódromo
-edro (base, face)
pentaedro, poliedro
-eido, -óide (forma,
semelhança) caleidoscópio, asteróide, aracnóide
-fagia (ato de comer)
aerofagia, antropofagia
-fago (que come)
antropófago, necrófago
-filia (amizade)
bibliofilia, lusofília
-fobia (inimizade,
aversão) fotofobia, hidrofobia
-fobo (que tem
aversão) xenófobo, zoófobo
-foro (que leva ou
conduz) fósforo, semaforo
-gamia (casamento)
monogamia, poligamia
-gamo (que casa)
bígamo, polígamo
-glota, -glossa
(língua) poliglota, isoglossa
-gono (ângulo)
pentagono, polígono
-grafia (escrita,
descrição) ortografia, geografia
-grafo (que escreve)
calígrafo, polígrafo
-grama (escrito,
peso)telegrama, quilograma
-logia (discurso,
tratado, ciência) arqueologia, fonologia
-logo (que fala ou
trata) dialogo, teólogo
-mancia (adivinhação)
necromancia, quiromancia
-mania (loucura,
tendência) megalomania, piromania
-mano (louco,
inclinado) bibliômano, mitômano
-maquia (combate)
logomaquia, tauromaquia
-metria (medida)
antropometria, biometria
-metro (que mede)
hidrômetro, pentâmetro
-morfo (que tem forma
de) antropomorfo, polimorfo
-nomia (lei, regra)
agronomia, astronomia
-nomo (que regula)
autônomo, metrônomo
-orama (espetáculo)
panorama, cosmorama
-péia (ato de fazer)
melopéia, onomatopéia
-pólis, -pole
(cidade) Petrópolis, metrópole
-ptero (asa) díptero,
helicóptero
-scopia (ato de ver)
macroscopia, microscopia
-scópio (instrumento
para ver) microscópio, telescópio
-sofia (sabedoria)
filosofia, teosofia
-stico (verso)
dístico, monóstico
-teca (lugar onde se
guarda) biblioteca, discoteca
-terapia (cura)
fisioterapia, hidroterapia
-tomia (corte,
divisão) dicotomia, neurotomia
-tono (tensão, tom)
barítono, monótono
-trof, -trofia
(nutrição) atrofia, hipertrofia
RADICAIS LATINOS
Elementos que
normalmente surgem na parte inicial do composto
Radical , significado
e exemplo:
agri-, agro-
(campo)agrícola, agricultura
ali- (asa) alígero,
alípede, aliforme
alti- (alto)
altissonante, altiplano
alvi- (branco)
alviverde, alvinegro
ambi- (ambos)
ambidestro
api- (abelha)
apicultura, apiário, apícola
arbori- (arvore)
arborícola
auri- (ouro)
auriverde, auriflama
avi- (ave)
bis-, bi- (duas
vezes) bisavô
avi- (ave) avicultura
bel-, beli- (guerra)
belígero, beligerante
ferri-, ferro-
(ferro) ferrovia
calori- (calor)
calorífero
cruci- (cruz)
crucifixo
curvi- (curvo)
curvilíneo
cent- (cem) centavo,
centena, centopéia
equi-, eqüi- (igual)
equilátero, equivalência ou eqüivalência
fili- (filho)
filicídio, filial
fratri-, frater-
(irmão) fratricida, fraternidade
igni- (fogo) ignívomo
lati- (grande, largo)
latifoliado, latifúndio
loco- (lugar)
locomotiva
matri- (mãe)
matrilinear, matriarcal
maxi- (muito grande)
maxidesvalorização, maxissaia
mili- (mil, milésima
parte) milípede, milímetro
mini- (muito pequeno)
minissaia, minifúndio
morti- (morte)
mortífero
multi- (muito)
multiforme, multidimensional
nocti- (noite,
trevas) noctívago, nocticolor
nubi- (nuvem)
nubívago, nubífero
oni- (todo)
onipotente
patri- (pai)
patrilinear, patrilocal
pedi- (pé) pedilúvio
pisci- (peixe)
piscicultor
pluri- (muitos)
pluriforme, plurisseriado
quadri- (quatro) quadrimotor,
quadrúpede
reti- (reto)
retilíneo
tri- (três) tricolor
umbri- (sombra)
umbrívago, umbrífero
uni- (um) uníssono
uxori- (esposa)
uxório, uxoricida
vermi- (verme)
vermífugo
Elementos que
normalmente surgem na parte final do composto
Radical , significado,
e exemplo:
-cida (que mata)
regicida, fratricida
-cola (que cultiva ou
habita) vitícola, arborícola
-cultura (ato de
cultivar) apicultura, piscicultura
-fero (que contém ou
produz) aurífero, flamífero
-fico (que faz ou
produz) benéfico, frigorífico
-forme (que tem forma
de) cuneiforme, uniforme
-fugo (que foge ou
que faz fugir) centrífugo, febrifugo
-gero (que contém ou
produz) armígero, belígero
-paro (que produz)
multíparo, ovíparo
-pede (pé) palmípede,
velocípede
-sono (que soa)
borrissono, uníssono
-vago (que anda)
nubivago, noctívago
-vomo (que expele)
fumívomo, ignívomo
-voro (que come)
carnívoro, herbívoro
- nota de ledora:
quadro em destaque na página:
OBSERVAÇÃO:
Há palavras que
combinam elementos gregos e latinos: televisão, automóvel,
genocídio,
homossexual e outras. São chamadas de hibridismos. Existem
hibridismos em que se
combinam elementos de origens bastante diversas, como
goiabeira (tupi e
português), abreugrafia (português e grego), sambódromo
(quimbundo - uma
língua africana - e grego), surfista (inglês e grego), burocracia
(francês e grego), e
outros. Como você vê, trata-se de palavras muito usadas no
cotidiano
comunicativo, o que torna absurda a intenção de certos gramáticos de
considerar os
hibridismos verdadeiras aberrações devido à sua origem "mestiça".
- fim do quadro de
destaque.
OUTROS PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
ABREVIAÇÃO VOCABULAR
A abreviação
vocabular consiste na eliminação de um segmento de uma palavra a fim de se
obter uma forma mais curta. Ocorre, portanto, uma verdadeira truncação, obtendo-se
uma nova palavra cujo significado é o mesmo da palavra original.
Esse processo é
particularmente produtivo na redução de palavras muito longas:
cinematógrafo -
cinema – cine
pneumático – pneu-
otorrinolaringologista
- otorrino
analfabeto - analfa
extraordinário -
extra
pornográfico - pornô
vestibular - vestiba
metropolitano - metrô
violoncelo - celo
telefone - fone
automóvel- auto
psicologia - psico
- nota da ledora:
propaganda de Donuts: CALIBRE SEU PNEU (referência bem
humorada aos pneus de
gordura)
O "pneu" do
anúncio acima, exemplo de abreviação vocabular, não designa,
obviamente, o
componente do automóvel.
Observe que a forma
abreviada é de amplo uso coloquial, embora em muitos casos passe a fazer parte
da língua escrita. Esse traço de coloquialidade pode ser sentido em abreviações
como as que colocamos abaixo, impregnadas de emotividade (carinho, desprezo, preconceito, zombaria):
professor - fessor
português - portuga
chinês - china
japonês - japa
comunista - comuna
militar - milico
confusão - confa
reboliço rebu
neurose - neura
botequim - boteco
delegado - delega
grã-fino granfa
São Paulo - Sampa
Florianópolis -
Floripa
Há um certo tipo de
abreviação que se vem tornando muito freqüente na língua atual.
Consiste no uso de um
prefixo ou de um elemento de uma palavra composta no lugar do todo:
ex, por ex-namorada,
ex-marido, ex-esposa;
micro, por
microcomputador;
vídeo, por
videocassete;
mini, por minissaia;
máxi, por maxissaia
ou maxidesvalorização;
midi, para saia que
chega até o joelho ou desvalorização cambial moderada;
e vice, por
vice-presidente, vice-governador, vice-prefeito e outros.
O uso dos prefixos em
substituição à palavra toda deve ocorrer dentro de contextos determinados, em
que é possível estabelecer o significado que se pretende. Prefixos como vice ou
máxi só adquirem sentido em função dos outros elementos do texto em que surgem.
SIGLONIMIZAÇÃO
Essa palavra dá nome
ao processo de formação de siglas. As siglas são formadas pela combinação das
letras iniciais de uma seqüência de palavras que constitui um nome:
FGTS - Fundo de
Garantia do Tempo de Serviço
CPF Cadastro de
Pessoas Físicas
MOBRAL - Movimento
Brasileiro de Alfabetização
IOF - Imposto sobre
Operações Financeiras
PIB - Produto Interno
Bruto
As siglas incorporam-se
de tal forma ao vocabulário do dia-a-dia, que passam a sofrer flexões e a
produzir derivados. É freqüente o surgimento de construções como as ZPEs (Zonas de Processamento de Exportações), os peemedebistas (membros do PMDB - Partido do
Movimento Democrático Brasileiro), os petistas (membros do PT – Partido dos Trabalhadores), a mobralizaçao do ensino,
campanha pró-FGTS, e outras.
Algumas siglas
provieram de outras línguas, principalmente do inglês:
UFO - Unidentified
Flying Object (objeto voador não-identificado), que concorre com a criação
nacional OVNI
VIP - Very Important
Person (pessoa muito importante);
AIDS - Acquired
Immunological Deliciency Syndrome (síndrome da imunodeficiência adquirida),
cuja forma em Portugal é SIDA.
- nota da ledora: propaganda
de um serviço de Limousine, dizendo que pelo tamanho, a limousine deveria pagar
IPTU.
- fim do anúncio.
A sigla IPTU
significa Imposto Predial e Territorial Urbano. Trata-se de um tributo da cidade
de São Paulo- SP.
- nota da ledora:
propaganda da campanha contra a AIDS: Aproveite o dia mundial da AIDS e faça um
cheque ao portador. Campanha do Bradesco.
AIDS sigla
infelizmente muito bem conhecida, proveio ao inglês. Apesar da gravidade do
assunto, não podemos deixar de admirar a criatividade do redator, na exploração
que fez da expressão ''cheque ao portador ''.
Há casos de siglas
importadas que se transformaram em verdadeiras palavras. Algumas só são vistas
como siglas se conhecermos sua origem:
JIPE adaptação do
inglês Jeep, que por sua vez originou-se de GP (General Purpose - uso geral);
LASER- de Light
Amplification by Stimulated Emission of Radiation (amplificação da luz por
emissão estimulada de radiação);
RADAR - de Radio
Detecting and Ranging (detecção e busca por rádio).
PALAVRA-VALISE
A palavra-valise
resulta do acoplamento de duas palavras, uma das quais pelo menos sofreu
truncação. É também chamada palavra-centauro e permite a realização de verdadeiras
acrobacias verbais. Observe:
brasiguaio ou
brasilguaio - formada de brasileiro e paraguaio para designar o povo fronteiriço
entre os dois países, particularmente os brasileiros que retornaram do Paraguai
atraídos pelo anúncio de reforma agrária;
portunhol - formada
de português e espanhol para designar a língua resultante da mistura dos dois idiomas;
portinglês - formada de português e inglês, criada por Carlos Drummond de
Andrade
("secretária
portinglês"); tomarte - formada de tomate e Marte, criada por Murilo
Mendes ("Ou tomarte, vermelho que nem Marte"). Note a possibilidade
de ver nessa palavra também a palavra arte;fraternura, elefantástico e
copoanheiro - criações de Guimarães Rosa cuja formação não é difícil de
perceber;
proesia - formada de
prosa e poesia, utilizada por Décio Pignatari com referência a uma das obras do
escritor irlandês James Joyce.
Note que a criação
dessas palavras ocorre tanto na língua coloquial como na língua culta e
literária. Na língua coloquial, o processo já produziu palavras como bebemorar,
Grenal (clássico de futebol entre Grêmio e Internacional de Porto Alegre),
Atletiba (Atlético Paranaense e Curitiba), Sansão (Santos e São Paulo), Flaflu
(Flamengo e Fluminense), Bavi (Bahia e
Vitória), Comefogo (Comercial e Botafogo de Ribeirão Preto). Na linguagem jornalística, há termos
como cantriz (cantora/atriz), estagnação (estagnação /inflação) e showmício
(show/comício); na literatura, além das palavras já citadas, há ainda criações
como noitícia (Carlos Drummond de Andrade) ou diversonagens suspersas, de Paulo
Leminski.
ONOMATOPÉIA
A onomatopéia ocorre
quando se forma uma nova palavra por meio da imitação de sons.
A palavra formada
procura reproduzir um determinado som, adaptando-o ao conjunto de fonemas de
que a língua dispõe. Dessa forma, surgem palavras como: cacarejar; zumbir,
arrulhar, crocitar, troar e outros verbos que designam vozes de animais e
fenômenos naturais; tique-taque, teco-teco, reco-reco, bangue-bangue (a partir do
inglês bangbang), pingue-pongue, xixi, triquetraque (fogo de artifício), saci
(nome de uma ave e, por extensão, de ente mitológico), cega-rega (cigarra; por
extensão, pessoa tagarela), chinfrim (coisa sem valor), quiquiriqui (pessoa ou
coisa insignificante), blablablá, zunzunzum, pimpampum e outras, sempre
sugestivas.
-nota da ledora:
quadro de destaque na página:
Outros processos de
formação de palavras
a) abreviação
vocabular - consiste na eliminação de um segmento de uma palavra a fim de se
obter uma forma mais curta;
b) siglonimização -
processo de formação de siglas. As siglas são formadas pela combinação das
letras iniciais de uma seqüência de palavras que constitui um nome;
c) palavra-valise -
resulta do acoplamento de duas palavras, uma das quais pelo menos sofreu
truncação;
d) onomatopéia -
ocorre quando se forma uma nova palavra por meio da imitação de sons. A palavra
formada procura reproduzir um determinado som, adaptando-o ao conjunto de
fonemas de que a língua dispõe.
- fim do quadro de
destaque.
- nota da ledora:
cinco desenhos representando formas de onomatopéia: Na sequência ao lado,
Fortuna criou uma série de onomatopéias para imitar os sons da mastigação e da
digestão. Não se preocupou, porém, em adaptá-las ao conjunto de fonemas da
língua portuguesa. Comendo uma rosca: nhac!, croc! gut, arout!
- fim da nota.
OUTROS PROCESSOS DE
ENRIQUECIMENTO DO LÉXICO
Léxico é a palavra
com que se costuma denominar o conjunto de palavras que integra uma língua. É,
em termos práticos, um sinônimo de vocabulário, embora tecnicamente se possam
estabelecer distinções entre as duas palavras. Os processos de criação de palavras
que estudamos até aqui devem ter mostrado a você que há um constante enriquecimento
lexical na língua, resultante principalmente do dinamismo das modificações
culturais, que constantemente criam novos objetos, novos fatos, novos conceitos.
Além disso, há outros fatores de pressão sobre a língua, como vínculos de
dependência econômica
e cultural, capazes de impor formas de pensar e de dizer que se manifestam
também no vocabulário.
Os processos de
criação lexical que vimos até agora operam transformações formais nas palavras,
seja por meio do acréscimo ou supressão de morfemas, seja por meio da combinação
de palavras inteiras para a formação de outras. São, basicamente, processos morfológicos,
pois lidam com a forma das palavras. Há outros processos de ampliação lexical
na língua portuguesa. Como não são processos morfológicos, não vamos estudá-los
pormenorizadamente. São, no entanto, importantes; por isso, vamos falar um
pouco sobre eles.
NEOLOGISMO SEMÂNTICO
Freqüentemente,
acrescentamos significados a determinadas palavras sem que elas passem por
qualquer processo de modificação formal. Pense, por exemplo, na palavra arara,
nome de uma ave, que também é usada para designar pessoa nervosa, irritada. Arara,
com o sentido de "irritado, nervoso , e um neologismo semântico, ou seja,
um novo significado que se soma ao que a palavra já possuía.
Essa forma de
enriquecimento do vocabulário é extremamente produtiva. Em alguns casos,
chega-se a perder a noção do significado inicial da palavra, passando-se a empregá-la
apenas no sentido que foi um dia adicional. É o caso, por exemplo, de emérito,
cujo sentido original é "aposentado", mas que atualmente se usa como "distinto",
"elevado; ou dissabor, cujo sentido original era "falta de
sabor".
Perceba que a chamada
derivação imprópria aproxima-se bastante deste processo de ampliação de
significado. A derivação imprópria resulta da passagem de uma palavra a uma
classe gramatical diferente sem modificações na sua forma. Na realidade, ocorre
uma ampliação do significado original da palavra. Isso pode ser percebido em
casos em que esse processo está tão cristalizado, que chegamos a perder a noção
do sentido e da classe originais da palavra. Pense, por exemplo, em palavras
como alvo (em expressões como tiro ao alvo), clara (de ovo), estreito (acidente
geográfico), marginal (bandido ou via pública), santo (pessoa virtuosa),
refrigerante - você já notou que se trata de adjetivos convertidos em substantivos?
EMPRÉSTIMOS
LINGUÍSTICOS
O contato entre
culturas produz efeitos também no vocabulário das línguas. No caso da língua
portuguesa, podem-se apontar exemplos de palavras tomadas de línguas estrangeiras
em tempos muito antigos. Esses empréstimos provieram de línguas célticas, germânicas
e árabes ao longo do processo de formação do português na Península Ibérica.
Posterior-mente, o Renascimento e as navegações portuguesas permitiram empréstimos
de línguas européias modernas e de línguas africanas, americanas e asiáticas.
Depois desses
períodos, o português recebeu empréstimos principalmente da língua francesa.
Atualmente, a maior fonte de empréstimos é o inglês norte-americano. Devese levar
em conta que muitos empréstimos da língua portuguesa atual do Brasil não ocorreram em
Portugal e nas colônias africanas, onde a influência cultural e econômica dos
Estados Unidos é menor.
As palavras de origem
estrangeira normalmente passam por um processo de
aportuguesamento
fonológico e gráfico. Quando isso ocorre, muitas vezes deixamos de perceber que
estamos usando um estrangeirismo. Pense em palavras como bife, futebol, beque,
abajur, xampu, tão freqüentes em nosso cotidiano que já as sentimos como portuguesas.
Quando mantêm a grafia da língua de origem, as palavras devem ser escritas
entre aspas (na imprensa, devem surgir em destaque - normalmente itálico:
shopping center;
show, stress).
Atente para o fato de
que os empréstimos linguísticos só fazem sentido quando são necessários. É o
que ocorre quando surgem novos produtos ou processos tecnológicos.
Ainda assim, esses
empréstimos devem ser submetidos ao tratamento de conformação aos hábitos
fonológicos e morfológicos da língua portuguesa. São condenáveis abusos de
estrangeirismos decorrentes de afetação de comportamento ou de subserviência cultural.
A imprensa e a publicidade muitas vezes não resistem à tentação de utilizar a
denominação
estrangeira de forma apelativa, como em expressões do tipo os teens (por adolescentes)
ou high technology system (sistema de alta tecnologia).
- nota da ledora:
quadro de destaque na página:
Outros processos de
enriquecimento do léxico
a) neologismo
semântico - acréscimo de significados a determinadas palavras sem que elas
passem por qualquer processo de modificação formal;
b) empréstimos
lingüísticos - o contato entre culturas produz efeitos também no
vocabulário das
línguas, que incorpora palavras provindas de línguas estrangeiras. As palavras
de origem estrangeira normalmente passam por um processo de aportuguesamento
fonológico e gráfico.
- fim do quadro de
destaque.
Olimpíadas: A Rio
2004 falhou, mas o pessoal persevera pela manutenção dos nossos recordes
Exemplo de palavra de
origem estrangeira submetida à adaptação gráfica e fonológica do português:
recorde proveniente do francês record. Ao ser aportuguesada, recebeu um e final
e ganhou a pronúncia "recórde'; à moda francesa.
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